Máquinas paradas e hortas sem água: CooperViva denuncia abandono da agricultura familiar no Acre

Foto: Correio online

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A presidente da CooperViva e da Associação Árvore Viva, Rosilene Figueiredo Telles, denunciou ao Portal Correio Online o abandono da agricultura familiar no Seringal Itubaí e na região da Transacrena, em Rio Branco. Segundo ela, os agricultores enfrentam enormes dificuldades para produzir e escoar a safra, apesar de terem conquistado espaço na merenda escolar e em programas federais de compra de alimentos.

A principal barreira é a falta de infraestrutura. Caminhões não conseguem acessar as áreas produtivas, obrigando os trabalhadores a transportar toneladas de alimentos no lombo de cavalos. “É complicado imaginar alguém carregando dois ou três mil quilos de abóbora ou macaxeira dessa forma. Sem ramais e sem bueiros, a produção fica presa dentro das comunidades”, afirmou.

Entre os prejudicados estão doze produtores que, após anos sem conseguir vender sua produção por conta do isolamento, finalmente foram incluídos em programas como a merenda escolar e a Conab, mas agora veem o esforço ameaçado pela ausência de apoio do poder público.

Outro problema grave é a escassez de água. As cacimbas que abasteciam as hortas secaram e a produção está morrendo de sede. Rosilene relata que, apesar de ter solicitado apoio em ofício desde julho do ano passado, a Secretaria de Produção não enviou máquinas para abrir tanques ou apoiar os agricultores. “Eles sabem do problema, já prometeram ajuda, mas até hoje nada foi feito”, criticou.

A contradição, segundo a presidente, é ainda mais revoltante: “Quando a gente chega na CEASA, vê os maquinários parados. Dizem que não têm, mas a gente sabe que têm. O que falta é planejamento. Trabalham de forma aleatória e não atendem justamente onde há produção”, denunciou.

Hoje, parte da colheita de banana, macaxeira e abóbora está estocada sem condições de ser retirada das propriedades. “O governo federal reconhece e compra a produção, mas o estadual não garante sequer que ela chegue até a cidade”, concluiu Rosilene.

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