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Durante a Expoacre 2025, a defesa do uso de madeira apreendida para fabricar caixas de abelha foi apresentada como uma proposta inovadora para reduzir custos e fortalecer a apicultura. Mas essa não é uma ideia inédita. O Acre já executou essa prática em anos anteriores — e com resultados concretos —, mas a iniciativa não tece continuidade.
Em 2023, uma parceria entre a Secretaria de Agricultura (Seagri) e o Ibama destinou madeira resultante de apreensões para a fabricação de 50 colmeias, entregues a cerca de 200 famílias da Associação Floresta com Abelha, na zona rural de Rio Branco. O projeto foi executado sob coordenação do agrônomo Lourival Marques, então responsável pela cadeia produtiva do mel no estado. À época, Lourival projetou que, se houvesse adesão de outras regiões, seria possível fabricar até cinco mil caixas.
A iniciativa perdeu fôlego após a saída de Lourival da coordenação, quando o governo deixou de adotar medidas para institucionalizar a prática e garantir sua continuidade como política pública.
Agora, um movimento semelhante vem ganhando espaço no Vale do Juruá, com articulação entre a Secretaria de Agricultura e pequenos produtores locais. O desafio é transformar essa prática pontual em ação regular, abrangendo também o Baixo e o Alto Acre.
O impacto econômico é direto. No Acre, uma caixa padrão custa entre R$ 360 e R$ 480. Com a madeira já disponível por apreensão, o custo pode cair pela metade ou mais, permitindo que novos produtores ingressem na atividade e aumentando a renda das famílias no campo.
A proposta carrega ainda um simbolismo importante: transformar um bem associado a crimes ambientais em instrumento para fortalecer cadeias produtivas sustentáveis, como a apicultura e a meliponicultura. Mas para que essa lógica produza resultados em larga escala, é preciso garantir continuidade e ampliar o alcance para todas as regiões do estado.