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Presidente defende integração logística pelo Pacífico, mas não aborda bloqueios que afetam agricultores, pecuaristas e extrativistas; número de áreas embargadas pode já ter passado de sete mil
A passagem do presidente Lula pelo Acre, na sexta-feira, 8, foi marcada por anúncios de integração logística com Peru e Bolívia, valorização da produção local e defesa de programas sociais. No entanto, um dos gargalos mais sensíveis para o setor produtivo do estado – os embargos ambientais – ficou fora do discurso presidencial.
Segundo entidades rurais, o Acre tem mais de cinco mil áreas embargadas por órgãos ambientais, e estimativas extraoficiais indicam que esse número já pode ter ultrapassado sete mil. O volume é considerado alto para um estado pequeno, que mantém cerca de 85% de sua cobertura florestal preservada.
No evento realizado na sede da Cooperacre, em Rio Branco, Lula destacou que a saída pelo Oceano Pacífico encurta em cerca de dez mil quilômetros o trajeto das exportações acreanas até a China, se comparada à rota pelo Atlântico.
“Quem mora no Acre está mais perto da China pelo Pacífico do que pelo Atlântico. Por que um produtor daqui precisa mandar sua mercadoria para São Paulo para depois exportar? É preciso criar condições para que a carne, o couro, o peixe, o coco e a castanha saiam por aqui e cheguem mais rápido ao destino”, afirmou.
O presidente disse que a estratégia atende tanto ao agronegócio quanto à agricultura familiar e ao agroextrativismo, citando como exemplo as pontes que ligam o Brasil ao Peru e à Bolívia. Para ele, as conexões não são apenas simbólicas, mas representam passos concretos para inserir o Acre nas cadeias globais de comércio.
Para produtores e empresários, no entanto, sem enfrentar o tema dos embargos ambientais, a promessa de integração perde parte do efeito. A avaliação é que a rota pelo Pacífico só será realmente competitiva se vier acompanhada de investimentos em estradas, armazenagem, inspeção sanitária, acordos comerciais e, principalmente, destravamento das áreas produtivas hoje paralisadas.