Foto: Arquivo
O seringueiro e ativista ambiental Raimundo Mendes de Barros, conhecido popularmente como Raimundão e primo do líder sindical Chico Mendes, encontra-se internado no Hospital de Xapuri com um quadro de infecção pulmonar.
De acordo com familiares, Raimundão sofre há anos com problemas respiratórios crônicos, resultado da longa exposição à fumaça da defumadeira usada no beneficiamento do látex e do hábito de fumar. A filha, Ronaira Barros, explicou que o pai também atuou na antiga Sucam (Superintendência de Campanhas de Saúde Pública), onde teve contato com o pesticida DDT, substância que teria agravado a condição de seus pulmões.
“Ele fez vários exames e foi detectada uma infecção no pulmão esquerdo. Metade do pulmão dele praticamente não tem funcionamento”, relatou.
Apesar do quadro delicado, o líder extrativista gravou um vídeo divulgado pela família nas redes sociais, no qual aparece otimista e agradecendo o apoio de amigos e companheiros de luta.
“Estou aqui recuperando, meus queridos e minhas queridas. Espero ainda ter uma vida longa junto com vocês, para a gente produzir mais algumas coisas e, se possível, vocês aprenderem também mais algumas coisas comigo. Espero que essa ainda não seja o fim da minha existência. Um abraço para vocês e vamos em frente”, declarou.
Companheiro de luta de Chico Mendes, Raimundão esteve presente nos embates contra fazendeiros que avançavam sobre a floresta amazônica na década de 1980. Após o assassinato do primo em 1988, ele seguiu à frente do movimento, promovendo conscientização e apoiando diretamente seringueiros, ribeirinhos e comunidades tradicionais.
É também um dos idealizadores da Reserva Extrativista Chico Mendes, criada em 1990 e considerada uma das primeiras do país. O território, que abrange cerca de 931 mil hectares no Acre, abriga atualmente mais de 3 mil famílias que vivem do extrativismo sustentável.
Mesmo aos 74 anos, Raimundão continua ativo na defesa da floresta. Em junho deste ano, durante a Operação Suçuarana de combate a crimes ambientais, chegou a ser alvo de protestos e ameaças de produtores rurais contrários às ações de fiscalização.
Ainda assim, manteve sua postura firme em defesa da Amazônia, reforçando a herança política e ambiental deixada por Chico Mendes. ( Com Informações G1 acre)