Fotos Marcela Jansen | Correio Online
Depois de dois anos de articulação, burocracia e espera, o Laboratório de Bromatologia e Qualidade do Leite finalmente ganhou vida — e, com ele, a promessa de encurtar a distância entre a ciência e quem tira o sustento do campo.
A parceria, inédita no estado, une a Universidade Federal do Acre (UFAC) à empresa paulista TPL (Tudo para Laboratório), que assume a gestão da unidade. O acordo é simples no papel, mas ambicioso na prática: abrir as portas da universidade para análises que antes eram inacessíveis, demoradas ou feitas fora do Acre. A partir de setembro, técnicos de campo, laticínios e produtores vão poder saber, com precisão, o que há no leite e na ração que alimenta o rebanho.
No centro da movimentação, três nomes ajudaram a conduzir essa entrega: Bruna Laurindo Rosa, coordenadora do laboratório, Fábio Augusto Gomes e Eduardo Mitke. Eles transformaram um projeto empoeirado de gaveta em um espaço equipado para medir, com lupa científica, do teor de proteína na silagem ao nível de gordura no leite.
De acordo com Bruna Laurindo, o laboratório vai servir tanto para o Ensino e a prática da pesquisa quanto para a prestação de serviços à comunidade. “A parceria foi pensada para atender, ao mesmo tempo, as demandas de pesquisa da universidade e do público externo — como técnicos de campo, produtores rurais e empresas”, explica a professora. “Os valores das análises ainda não estão definidos, já que o atendimento ao público deve começar apenas no próximo mês.”
Para o professor Fábio Augusto Gomes, essa não é apenas mais uma inauguração — é um divisor de águas. “Agora podemos remunerar o produtor pela qualidade da matéria-prima. É assim que se incentiva investimento e segurança para o consumidor. Até aqui, tínhamos um laboratório da Embrapa focado só em pesquisa. Agora, com a UFAC e o setor privado juntos, começa outra história para a cadeia do leite no Acre”, frisou.
O professor Eduardo Mitke destacou que o laboratório vai criar um banco de dados confiável para orientar produtores e indicar ajustes no manejo sempre que os resultados estiverem fora do padrão.
O tempo da política “O laboratório vai criar um banco de dados confiável para orientar produtores e indicar ajustes no manejo sempre que os resultados estiverem fora do padrão”, afirmou o professor Eduardo Mitke.
Parceria com TPL vai gerar emprego e capacitação para alunos da UFAC
A presença da TPL no projeto vai além da gestão técnica. A empresa chega oferecendo oportunidades imediatas para os estudantes da UFAC, conectando a formação acadêmica às demandas reais do setor produtivo. A proposta é transformar o laboratório em um espaço de aprendizado prático, geração de emprego e qualificação de mão de obra, atendendo tanto à necessidade de análises quanto ao fortalecimento da base profissional no Acre.
“Nós vamos iniciar os trabalhos a partir de amanhã, gerando oportunidade, demanda e emprego. Queremos que os alunos se cadastrem na Secretaria de Estágio, porque vamos entrevistá-los e oferecer bolsas. Esse laboratório tem capacidade inicial para análises de nutrição, silagem e pastagem, mas precisa de mão de obra qualificada — e é nisso que vamos investir.”
O espaço vai analisar matéria seca, fibras, lignina, amido, proteína, gorduras e cinzas nos alimentos, além de medir gordura, sólidos totais, micotoxinas e células somáticas no leite. É o tipo de informação que pode mudar o manejo, ajustar a dieta do rebanho e, no fim, aumentar a produção e a renda.