Foto: Portal Correio online
O aroma do café amazônico vai atravessar o oceano. A produtora Leite, que cultiva café de forma artesanal no interior de uma reserva no Acre, foi convidada a integrar a missão internacional que levará produtores acreanos à Itália para conhecer um dos maiores polos de torrefação e exportação do mundo. O convite, segundo ela, chegou como um presente inesperado — e um reconhecimento de anos de trabalho silencioso, feito com as próprias mãos e com o coração.
“A gente nunca imaginou nem vender um café pra fora do Estado, quanto mais pra fora do país”, conta, emocionada. “Agora poder conhecer o mundo tecnológico do café, lá na Europa, é algo que o coração acelera. A gente vai lá com humildade, mas com muita vontade de aprender.”
A viagem faz parte da estratégia do governo do Acre de internacionalizar a cafeicultura local, fortalecendo produtores e ampliando mercados. Leite foi uma das mulheres que se destacaram em concursos nacionais de qualidade — ela conquistou o 11º lugar no prêmio Florada Premiada, promovido na SIC (Semana Internacional do Café), com um produto considerado entre os melhores do Brasil.
“A gente vai tentar mostrar pra maior importadora do mundo o trabalho que estamos fazendo no interior da floresta: uma produção familiar, artesanal, sustentável. É a chance de mostrar que o Acre tem café de excelência.”
Durante a missão, o grupo acreano visitará seis localidades estratégicas na Itália, entre elas centros de tecnologia agrícola e torrefações que são referência mundial em qualidade e inovação. Para Leite, será uma oportunidade de conhecer novas técnicas e entender como aplicá-las na pequena escala da produção familiar.
“Mesmo que a nossa produção seja pequena, com o manejo tecnológico a qualidade pode aumentar. A gente já teve uma experiência de exportação indireta para os Estados Unidos e a China. Agora, sonhamos em levar o café acreano de forma direta, com a nossa marca.”
O reconhecimento, segundo ela, é fruto de persistência e fé. O cultivo começou com enxada na mão e muito improviso, recuperando áreas degradadas e aprendendo na prática como extrair o melhor do solo amazônico. “Se você tem um sonho, não desista. O café especial exige amor, constância e responsabilidade. Quando a gente faz com amor, a gente atrai energia boa. E essa energia tem voltado pra gente na forma de conquistas que nunca imaginamos alcançar.”
Hoje, o trabalho da produtora é símbolo de um novo tempo na cafeicultura acreana — um tempo em que mulheres do campo assumem protagonismo e mostram que o Acre também produz excelência em cada grão colhido na floresta.