INCLUSÃO SÓ NO DISCRUSO

Por Marcela Jansen

“Para a política o homem é um meio; para a moral é um fim. A revolução do futuro será o triunfo da moral sobre a política.” (Ernest Renan)

INCLUSÃO SÓ NO DISCRUSO

Enquanto o prefeito Tião Bocalom (PL) faz discurso de inclusão em datas comemorativas, a prática segue na contramão. Vetou o projeto que criava o Censo Municipal de Autismo e Deficiência. Sim, vetou. O mesmo projeto que poderia mapear quem precisa de ajuda real em saúde, educação e assistência. Só faltou escrever: “não é prioridade”.

FOTO – Divulgação

FALTOU SENSIBILIDAE. E BOM SENSO

Um Censo como esse serve para isso: saber quem são, onde estão e do que precisam as pessoas com autismo e deficiência. Informação que, aliás, a própria prefeitura diz que não tem. Mas mesmo assim, vetaram. Ou é despreparo técnico, ou é insensibilidade crônica. Ou os dois.

VETO DERRUBADO, VERGONHA MANTIDA

A Câmara fez o que tinha que fazer: derrubou o veto. O Executivo tentou cortar uma iniciativa necessária — e perdeu. Mas o desgaste fica. Numa cidade com filas intermináveis por laudo, atendimento precário e mães lutando sozinhas, vetar esse projeto é rasgar qualquer compromisso com a inclusão.

GESTÃO QUE FALA MUITO E OUVE POUCO

A prefeitura anda surda para rua. Tudo resolve na canetada, no tapa burocrático. E quando aparece algo realmente importante, como esse censo, a resposta é veto. Não porque é ruim, mas porque não veio do “lado de dentro”. O ego ainda pesa mais que a necessidade.

UM BURACO ESCANCARA PUTRO

O episódio do veto não é só mais uma canetada equivocada. Ele escancara algo maior: a incapacidade do Executivo de entender a cidade real. Aquela dos invisíveis, dos que não batem ponto na agenda do poder. O Censo era o começo de um olhar. E o prefeito virou o rosto.

PEGA FOGO, PLENÁRIO

O secretário João Marcos Luz chamou o presidente de bairro de mentiroso no meio da Aleac. Microfone ligado, plateia cheia. Clima de audiência, cara de barraco. E ninguém mais falava do Centro Pop.

TÁ FILMADO

Edmilson, o tal presidente, não arregou. Disse que tem vídeo, testemunha, idoso reclamando e que não vai abaixar a cabeça. Cena de novela. Faltou só o “corta pra mim!”.

PORTAS FECHADAS

A prefeitura decidiu mudar o Centro Pop no grito. Fez sem escutar ninguém. Deu nisso. Barulho, vaia e comunidade contra. Gestão no escuro, resultado previsível.

FALTOU SAL

João Marcos entrou na secretaria achando que era general. Responde atravessado, fecha cara e agora chama morador de mentiroso em público. Só faltou jogar o microfone no chão.

MORAL DA HISTÓRIA

Todo mundo saiu arranhado da audiência. Prefeitura, governo, secretário e até o microfone da Aleac. E os moradores? Continuam esperando resposta.

O PAVIO CURTO CONTINUA

Quem conhece João Marcos Luz dos tempos de vereador sabe que o pavio dele sempre foi curto. Tinha dia que gritava até com o eco. Achou que bastava trocar de cadeira pra virar gestor — mas continuou do mesmo jeito: exaltado, agressivo, descontrolado.

NÃO SERVE PARA SÍNDICO

Secretário de assistência social que não sabe ouvir não serve nem pra síndico de prédio. João Marcos é o tipo que não soma, espalha. Tudo com ele é no grito, no peito, no “quem manda sou eu”.

DIÁLOGO É IMPRESCENDÍVEL

Mas na gestão pública, ou se governa com diálogo, ou se afunda no próprio ego. E Luz, até agora, tem mais feito sombra do que iluminado.

LDO ÀS CEGAS

A prefeitura mandou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para a Câmara Municipal sem os anexos. É como mandar receita sem os ingredientes. Querem que os vereadores votem no escuro. Sem metas, sem número, sem norte. Querem que assinem um cheque em branco e ainda sorriam pra foto.

PPA DESAPARECIDO

E o Plano Plurianual (PPA)? Sumiu. Era pAra já estar em debate. Nada. Nenhuma linha. Nenhuma proposta. Nenhuma audiência. Uma gestão que não sabe para onde vai, como vai saber onde investir?

RELÓGIO NÃO CORRE PARA QUEM ERRA

O vereador Fábio Araújo (MDB) botou o dedo na ferida: prazo só conta com projeto completo. E o que chegou na Câmara foi uma colcha de retalhos mal costurada. Querem correr com a tramitação, mas quem atrasou foi o próprio Executivo. Querem acelerar o carro sem colocar a gasolina.

INCÊNDIO DIÁRIO

A prefeitura parece uma máquina de apagar fogo que ela mesma acende. Erra no envio do projeto, tenta empurrar nos trancos, depois culpa a Câmara se o prazo estoura. Gestão sem planejamento não governa. Reage. Mal e tarde.

ONDE ESTÁ A INTELIGÊNCIA DA GESTÃO?

Enquanto a cidade pede prioridade, o governo responde com pressa e papel incompleto. Falta método, falta técnica, falta seriedade. E o pior: falta vontade de fazer direito. O que chega na Câmara é reflexo do que falta lá dentro. Um orçamento que nasce confuso só pode virar execução confusa.

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