Um tema inusitado ganhou espaço nas redes sociais e começa a chamar atenção de setores políticos e da sociedade civil: um grupo de pessoas que mantém vínculos afetivos com bebês reborn — bonecos hiper-realistas que imitam bebês humanos — tem reivindicado o direito de receber benefícios sociais, incluindo o Bolsa Família.
Durante uma reunião realizada na última sexta-feira (17), em local não divulgado, mães e pais que tratam os bonecos como filhos de verdade defenderam que o governo reconheça oficialmente o vínculo afetivo com os reborns e possibilite o acesso a auxílios voltados à primeira infância.
Entre os argumentos apresentados, estão os custos com roupas, fraldas, carrinhos, mamadeiras e até consultas médicas, já que, segundo o grupo, alguns profissionais da área da saúde têm oferecido atendimento simbólico para os bonecos em contextos terapêuticos.
“A gente sente como se fosse um filho de verdade. A gente ama, cuida, alimenta. Por que não ter os mesmos direitos?”, questionou uma das participantes.
Mobilização e reações
O movimento, ainda embrionário, já organiza abaixo-assinados online e articulações com representantes políticos, especialmente ligados a pautas de inclusão e saúde mental. A proposta, no entanto, não tem respaldo legal até o momento, nem qualquer tramitação oficial no Congresso Nacional.
O tema repercutiu nas redes sociais e dividiu opiniões. Enquanto parte do público vê a reivindicação como exagerada ou absurda, outros usuários manifestaram empatia, considerando a prática como uma forma de inclusão emocional ou alternativa terapêutica para pessoas com dificuldades psicológicas ou em luto.
Especialistas em políticas públicas e assistência social, contudo, destacam que benefícios como o Bolsa Família são destinados exclusivamente a pessoas vivas, em situação de vulnerabilidade social, conforme critérios socioeconômicos definidos em lei.
O que são os bebês reborn?
Os bebês reborn são bonecos produzidos artesanalmente com técnicas que os tornam extremamente parecidos com recém-nascidos reais. Em muitos casos, eles são utilizados como ferramentas terapêuticas em tratamentos ligados à depressão, ansiedade ou luto — embora, para algumas pessoas, também sejam objetos de afeto e cuidado no dia a dia.
Por enquanto, não há indicações de que o governo federal analise a possibilidade de incluir esse tipo de vínculo nas políticas públicas de transferência de renda.