Guerra comercial
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na quarta-feira, 9 uma nova leva de tarifas sobre produtos importados, incluindo o Brasil na lista de países alvos de sua política agressiva de “reciprocidade comercial”. A medida estabelece uma tarifa de 50% sobre o cobre e abre margem para tributações ainda maiores em setores como medicamentos e semicondutores, afetando diretamente a balança comercial brasileira.
Trump declarou que a intenção é “proteger o mercado interno” e “estabelecer equilíbrio com países que se beneficiam injustamente das relações comerciais com os EUA”. “O Brasil será notificado formalmente. A reciprocidade será aplicada com rigor. Se eles não quiserem pagar, não precisam vender aqui”, disse Trump.
Apesar de o percentual exato das tarifas para o Brasil ainda não ter sido confirmado oficialmente pelo Departamento de Comércio dos EUA, a inclusão do país no novo pacote tarifário representa um revés significativo nas relações bilaterais. A medida pode impactar desde o agronegócio até setores industriais exportadores, como o de tecnologia e de fármacos.
O governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, classificou a decisão como “irresponsável e unilateral”. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou, em entrevista rápida nesta tarde, que o país “não aceitará ser tratado como inimigo comercial” e que medidas legais e diplomáticas serão tomadas.
O que está em jogo?
O cobre é o principal alvo da tarifa de 50% anunciada por Trump e a medida pode impactar diretamente as exportações brasileiras voltadas à indústria de fios, circuitos eletrônicos e construção civil. Além disso, está sendo estudada uma taxa extra de até 200% sobre produtos farmacêuticos, o que já gera preocupação entre grandes laboratórios nacionais.
Embora o Brasil não seja um grande produtor de semicondutores, a cadeia de importação e exportação desses componentes também tende a ser afetada. Diante da repercussão global, Trump estabeleceu o dia 1º de agosto como prazo para que países atingidos — entre eles Brasil, União Europeia e Índia — tentem negociar alternativas bilaterais antes que as tarifas entrem plenamente em vigor.
Mercados reagem com cautela
O anúncio provocou oscilações no mercado de commodities, com o preço do cobre batendo recordes nas bolsas internacionais. Já o dólar apresentou leve alta, refletindo a tensão no comércio global. Economistas alertam que, embora o impacto imediato pareça limitado, a escalada protecionista pode gerar efeitos mais profundos no médio prazo.