Governo lança crédito emergencial em resposta ao tarifaço dos EUA; medida pode abrir espaço para o Acre

Foto: Ricardo Stuckert

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O governo federal anunciou na última sexta-feira, 12, a lista de produtos que terão acesso à linha de crédito emergencial criada para proteger exportadores brasileiros afetados pelas tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos. A medida integra o Plano Brasil Soberano e disponibiliza R$ 30 bilhões em recursos, com condições diferenciadas de juros e prazos, para empresas que comprovarem impacto direto nas vendas internacionais.

Ao todo, são 9.777 produtos identificados por códigos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). Desses, 9.075 entram automaticamente na cobertura da linha de crédito; outros 702 exigem autodeclaração por parte dos exportadores de que foram prejudicados pelo tarifaço norte-americano.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), terão prioridade as empresas que registrarem ao menos 5% do faturamento, entre julho de 2024 e junho de 2025, em exportações dos produtos da lista. Há ainda uma linha complementar de R$ 10 bilhões, operada pelo BNDES, para companhias com menor participação de vendas externas, mas que também foram atingidas pelas novas barreiras.

Os financiamentos poderão ser usados para capital de giro, aquisição de equipamentos, adaptação tecnológica, inovação ou ajustes em cadeias produtivas. O prazo de pagamento varia de 5 a 10 anos, com carência de até dois anos.

Reflexos para o Acre

Embora distante dos grandes polos industriais, o Acre pode encontrar espaço dentro da medida. O estado tem buscado ampliar sua pauta exportadora com produtos agropecuários, madeira beneficiada, café, mel e insumos da bioeconomia. Se esses itens estiverem contemplados na lista de NCMs, empresas acreanas poderão acessar crédito mais barato para manter a competitividade e expandir a produção.

Um desafio, no entanto, é garantir que os exportadores locais consigam cumprir os requisitos de documentação fiscal e de comprovação de impacto exigidos pelo governo federal. Além disso, entraves logísticos — como transporte até portos do Sudeste ou do Pacífico, via estrada para o Peru — ainda pesam sobre os custos e podem reduzir os efeitos positivos da linha de crédito.

Especialistas apontam que será fundamental o apoio de entidades como federações de indústria e agricultura, além do próprio governo estadual, para orientar produtores e empresas acreanas no processo de habilitação. Sem esse suporte, há o risco de a medida beneficiar apenas estados com estrutura exportadora consolidada.

Apoio estratégico

A iniciativa do governo é vista como uma resposta rápida ao tarifaço norte-americano, mas também como um teste de articulação nacional. No caso do Acre, pode ser uma oportunidade de inserir cadeias produtivas emergentes em um cenário de maior competitividade, desde que haja ação coordenada entre setor público e privado.

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