Governo Federal repassa mais de R$2 milhões para conter estiagens e cheias no Acre

Foto Defesa Civil de Rio Branco

Em razão das consequências das mudanças climáticas que atingem o Acre, o Governo Federal repassou mais de R$2,2 milhões para a elaboração de estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental para a execução de obras voltadas à contenção de grandes cheias e também de estiagem, como pequenas barragens e canais laterais.

De acordo com o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), o valor total do convênio entre o ministério e o Governo do Acre é de mais de R$5,5 milhões. O convênio termina em 30 de abril de 2024.

Os estudos buscam viabilizar a execução de medidas capazes de amenizar os impactos das estiagens prolongadas e das inundações recorrentes na bacia do Rio Acre. Os municípios beneficiados com a medida são Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Xapuri, Capixaba, Porto Acre e a capital Rio Branco. Serão beneficiadas cerca de 453,2 mil pessoas.

“Esses recursos do Governo Federal serão importantes para construirmos alternativas, como muro de contenção, para conter possíveis cheias à margem do rio. Com isso, aumentaremos a segurança nas localidades beneficiadas, evitando riscos de deslizamento, que normalmente atinge a população de baixa renda”, afirma o secretário Nacional de Segurança Hídrica do MIDR, Giuseppe Vieira.

Além disso, serão analisadas outras opções para o abastecimento de água, como construção de bacia de contenção e controle e melhoria do saneamento básico, de maneira a evitar o lançamento de dejetos ao longo do sistema de drenagem.

Operação Estiagem

No último dia 17 de julho, a Defesa Civil de Rio Branco começou a Operação Estiagem, que em 2023 vai atender 25 comunidades rurais da capital acreana com abastecimento de água através de carros-pipa. No lançamento da operação, o coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, coronel Cláudio Falcão, ressaltou que 25 milhões de litros de água devem ser distribuídos.

“Nosso meio de transporte, levamos água com caminhão-pipa. Durante essa operação vamos distribuir, aproximadamente, 25 milhões de litros de água, que é importante para o consumo humano, para diminuir os impactos que as comunidades estão passando. Desde o início de julho que estão sofrendo, mas, a partir de agora, já estaremos atendendo”, destacou.

A Operação Estiagem foi iniciada em 2021 atendendo dez comunidades. No mesmo ano, o número de áreas que precisaram de abastecimento com caminhão-pipa chegou a 17; ano passado 23; e este ano a 25. O atendimento deve seguir até o dia 15 de dezembro.

O rio Acre tem se mantido abaixo dos 3 metros desde o fim de junho. Falcão alerta que o índice também tem permanecido abaixo do registrado no mesmo período em 2022, e indica que uma forte seca deve se estabelecer durante os próximos meses.

“Isso indica um perigo iminente de uma seca severa que pode afetar a nossa região. Além da falta de água, temos a escassez de chuva, aumento no número de queimadas e piora da qualidade do ar”, enfatizou.

El Niño

O fenômeno conhecido como El Niño, que aumenta temperaturas e reduz chuvas, voltou a ser registrado após três anos de La Niña, que tem efeitos opostos. De acordo com o doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Universidade Federal do Acre (Ufac), José Genivaldo Moreira, foi a primeira vez que o La Niña aconteceu por três anos seguidos, de 2020 a 2022.

Para 2023, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica do governo dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês), a estimativa é que o El Niño tenha uma das ocorrências mais intensas dos últimos 70 anos. Além da seca do Rio Acre, já é possível perceber os sinais do fenômeno na temperatura, que deve se manter acima dos 30 graus nos próximos dias.

“Com isso, evidentemente todos sistemas vão sofrer, uma vez que as nossas estruturas são muito incipientes, como o abastecimento. A agricultura ainda não avançou muito nos projetos de irrigação e de captação de outras fontes de água. Aqui no Acre, a nossa cultura é de ir no rio, captar a água, e distribuir para os diversos usos. A gente espera que seja suficiente o que os rios têm a oferecer”, explica Moreira. (G1)

Compartilhar