Foto: ac24horas
Mais de 300 servidores públicos estaduais ocuparam, na manhã de quarta-feira, 25, a Praça do Palácio Rio Branco, em um protesto unificado por reajustes salariais e melhores condições de trabalho. Organizada por pelo menos 30 sindicatos das áreas da educação, saúde, segurança, administração direta e fazenda, a mobilização cobra do governo Gladson Cameli (PP) medidas concretas e imediatas para atender demandas antigas do funcionalismo.
Entre as principais reivindicações estão o reajuste linear de 20,39% por meio da Revisão Geral Anual (RGA), o aumento do auxílio-alimentação para R$ 1.000,00, e a extensão do auxílio-saúde para todos os servidores, incluindo aposentados. Atualmente, o valor do auxílio-alimentação está em R$ 420,00 e o auxílio-saúde é restrito a trabalhadores da saúde.
“Essas são pautas comuns e absolutamente justas. O governo recebeu os documentos com essas solicitações há meses e não deu retorno. O mínimo que se espera é respeito com o servidor público que sustenta o funcionamento do Estado”, afirmou o deputado estadual Adailton Cruz, que acompanha o movimento na Assembleia Legislativa.
Governo alega limite da LRF, mas servidor contesta
Em nota, o Governo do Estado justificou que não pode atender às reivindicações devido ao limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), citando que o Acre está com índice acima do permitido e, portanto, legalmente impedido de conceder aumentos.
O argumento, no entanto, é recebido com desconfiança pelas categorias. Os sindicatos questionam a priorização orçamentária do governo, que, segundo eles, mantém contratos milionários em diversas áreas, mas alega falta de recursos para garantir direitos básicos aos servidores.
Além disso, o governo anunciou para este mês um reajuste de 5,08% — percentual que, segundo os manifestantes, é insuficiente diante da inflação acumulada nos últimos anos e das perdas salariais que se arrastam desde gestões anteriores.
“Um governo que afirma valorizar os servidores, mas ignora sistematicamente suas pautas e ainda oferece reajuste simbólico, está desconectado da realidade. A indignação cresceu, e agora estamos unidos em todas as áreas. Se for necessário, vamos parar o Estado”, declarou uma representante do sindicato da saúde durante o ato.
Clima de tensão e desgaste político
A manifestação de quarta escancara o desgaste da gestão Cameli com os servidores públicos estaduais. Em seu segundo mandato, o governador enfrenta críticas crescentes pela falta de diálogo com sindicatos, pelo atraso em respostas oficiais às pautas apresentadas e por manter uma gestão distante das categorias que garantem os serviços essenciais à população.