Fundo Florestas Tropicais capta US$ 5,5 bilhões no primeiro dia da COP30

Fundo Florestas Tropicais

Foto: Internet 

O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) foi lançado oficialmente na quinta-feira, 6, durante a Cúpula de Líderes da COP30, e já movimentou mais de US$ 5,5 bilhões em seu primeiro dia. O valor representa mais da metade da meta prevista para o primeiro ano de operação, estimada em US$ 10 bilhões.

O Brasil, idealizador do fundo, foi também o primeiro a confirmar investimento de US$ 1 bilhão. O mesmo valor foi anunciado pela Indonésia. França (US$ 500 milhões), Portugal (1 milhão de euros) e Noruega (US$ 3 bilhões) completam a lista inicial de grandes aportes. No total, 53 países e a União Europeia assinaram a declaração de lançamento, marcando o início de uma nova etapa de cooperação internacional voltada à proteção das florestas tropicais.

Durante entrevista coletiva, os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas) detalharam o funcionamento e os objetivos do novo fundo. Haddad ressaltou o caráter histórico da iniciativa: “Pela primeira vez em uma COP, um instrumento de solução de problemas ambientais pode efetivamente sair do papel. É um dia emocionante e de esperança.”

O TFFF pretende remunerar países que preservam florestas tropicais, criando um modelo de financiamento climático sustentável. Cada nação participante poderá receber até 4 dólares por hectare preservado. A expectativa é que, ao alcançar US$ 25 bilhões em aportes, o fundo atraia investimentos privados até quatro vezes superiores, alavancando recursos para a conservação.

Marina Silva destacou que o mecanismo une proteção ambiental e retorno econômico. “O fundo não é doação. Os recursos públicos e privados serão devolvidos, mas o mais importante é que o investimento também chega às florestas. É um modelo inteligente que garante sustentabilidade financeira e ambiental”, afirmou.

A ministra Sonia Guajajara reforçou a importância da inclusão dos povos indígenas na estrutura do fundo. Segundo ela, o Brasil garantiu que pelo menos 20% dos recursos sejam repassados diretamente a comunidades tradicionais. “Assim, garantimos autonomia e continuidade, independentemente de mudanças de governo”, disse.

Parceira histórica do Brasil em ações ambientais, a Noruega destacou a relevância do momento. O ministro Andreas Eriksen elogiou o papel de liderança brasileiro: “Criamos valor não ao derrubar uma árvore, mas ao permitir que ela permaneça. Esse é o modelo que apoiamos.”

O secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, embaixador Mauricio Lyrio, anunciou que os signatários representam mais de 90% das florestas tropicais do planeta — incluindo as bacias do Amazonas, do Congo e do Sudeste Asiático.

O lançamento do TFFF simboliza uma nova fase na diplomacia ambiental, em que o Brasil reafirma protagonismo global ao transformar conservação em investimento de futuro.

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