Fiocruz confirma primeiros casos humanos de encefalite equina venezuelana no Amazonas

Foto: Gastón Britos / FocoUy

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Pela primeira vez, o Brasil confirmou casos humanos de encefalite equina venezuelana (VEEV), doença viral transmitida por mosquitos que circula principalmente no norte da América do Sul. O registro foi feito em Tabatinga, no Alto Solimões, município amazonense localizado na tríplice fronteira com o Peru e a Colômbia.

A descoberta foi anunciada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), após análise de amostras coletadas no âmbito do estudo FrontFever, que acompanha síndromes febris agudas na Amazônia. Três moradores da cidade – dois homens e uma mulher – testaram positivo para o vírus por meio de exame de PCR em tempo real e tiveram a confirmação com sequenciamento genético. Todos apresentaram sintomas semelhantes aos de viroses comuns, como febre, dores no corpo e cefaleia, e já se encontram recuperados. Nenhum dos pacientes relatou contato com equinos, o que reforça a transmissão por mosquitos da região.

Segundo especialistas, os casos levantam um alerta para a possibilidade de subnotificação. Isso porque a doença pode se confundir facilmente com dengue e outras arboviroses que já circulam na região. Para Felipe Gomes Naveca, virologista da Fiocruz Amazônia, a confirmação em Tabatinga demonstra a necessidade de ampliar a vigilância laboratorial e epidemiológica. “É provável que o vírus já esteja presente há mais tempo, mas sem ser identificado”, destacou.

A encefalite equina venezuelana é causada por um alphavirus que afeta tanto humanos quanto equinos. Embora a maioria dos casos em pessoas seja leve e de rápida recuperação, a doença pode evoluir, em situações menos comuns, para formas graves que atingem o sistema nervoso central. Crianças são mais vulneráveis a complicações, que podem incluir encefalite e risco de sequelas neurológicas.

Após a confirmação, a Prefeitura de Tabatinga emitiu um alerta de risco às unidades de saúde. As orientações incluem a notificação imediata de quadros febris suspeitos, coleta de amostras para análise laboratorial e reforço nas ações de combate aos mosquitos transmissores. A Fiocruz também recomendou integração entre Brasil, Peru e Colômbia para fortalecer a vigilância trinacional, considerando a intensa circulação de pessoas e mercadorias na região.

Para a população, a recomendação segue a mesma dos cuidados contra outras doenças transmitidas por mosquitos: uso de repelentes, roupas que cubram braços e pernas, instalação de telas em portas e janelas e eliminação de criadouros. Em caso de febre súbita acompanhada de dor de cabeça e mal-estar, a orientação é procurar atendimento médico e relatar a possível exposição.

Os três casos confirmados em Tabatinga representam um marco importante para a saúde pública brasileira. Embora não haja registro de circulação do vírus em outros estados, a presença em uma área estratégica da Amazônia acende um sinal de alerta para o Acre e para toda a região Norte. O episódio reforça a necessidade de vigilância contínua e cooperação internacional diante do risco de expansão de novas arboviroses.

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