Fernando Collor é preso em Maceió para cumprir pena por corrupção e lavagem de dinheiro

Foto ilustrativa web

O ex-presidente Fernando Collor de Mello, de 75 anos, foi preso nas primeiras horas desta sexta-feira, 25, em Maceió (AL), para iniciar o cumprimento da pena imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A detenção ocorreu por volta das 4h, segundo informou sua equipe de defesa, no momento em que ele se dirigia a Brasília para se apresentar voluntariamente.

A ordem de prisão foi expedida na última quinta-feira, 24, pelo ministro Alexandre de Moraes, após o STF rejeitar os últimos recursos apresentados pelos advogados de Collor. O político foi condenado em 2023 a oito anos e dez meses de reclusão em regime fechado, acusado de receber propina no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.

De acordo com a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), Collor usou sua influência sobre a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, para favorecer contratos da estatal com a construtora UTC, entre 2010 e 2014. Em troca, teria recebido aproximadamente R$ 20 milhões em vantagens indevidas. A investigação utilizou como base provas obtidas com delatores da Lava Jato e documentos apreendidos com o doleiro Alberto Youssef.

Ao justificar a execução imediata da pena, Moraes destacou que os recursos da defesa apenas repetiam argumentos já analisados, configurando manobras protelatórias. O ex-presidente está, neste momento, custodiado na sede da Polícia Federal em Maceió.

A equipe jurídica de Collor divulgou nota afirmando que recebeu “com surpresa e preocupação” a decisão do STF. Os advogados sustentam que a condenação se baseia, majoritariamente, em delações premiadas, sem a devida comprovação material.

A condenação remonta a uma denúncia apresentada pela PGR em 2015. Desde então, a defesa tentou diversas frentes para reverter ou reduzir a pena. Em novembro de 2024, o Supremo rejeitou por 6 votos a 4 o recurso que buscava revisar a sentença por corrupção passiva, o que teria deixado em vigor apenas a pena por lavagem de dinheiro.

Trajetória de Collor

Fernando Collor teve uma carreira política marcada por altos e baixos. Foi eleito presidente da República em 1989, após vencer Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno — a primeira eleição direta para o cargo desde 1960. Seu mandato, iniciado em março de 1990, terminou abruptamente em 1992, quando renunciou às vésperas do julgamento do processo de impeachment que o afastou sob suspeitas de corrupção.

O episódio que culminou na queda de Collor teve como estopim as denúncias feitas por seu próprio irmão, Pedro Collor, e as revelações sobre o envolvimento do tesoureiro de campanha, Paulo César Farias, em um esquema de tráfico de influência e uso de recursos públicos em benefício pessoal.

Apesar da renúncia, Collor foi absolvido pelo STF, em 1994, das acusações relativas ao seu mandato presidencial. Anos depois, retornou à vida pública como senador por Alagoas, cargo que ocupou de 2007 a 2023. Em 2022, tentou novamente se eleger, desta vez como governador do estado, mas ficou em terceiro lugar na disputa.

Formado em economia e herdeiro de uma família com tradição política no Nordeste, Fernando Collor iniciou sua carreira pública como prefeito de Maceió em 1979 e passou pela Câmara dos Deputados e pelo governo de Alagoas antes de alcançar a Presidência da República. Seu discurso contra a corrupção foi um dos pilares de sua ascensão, mas sua trajetória terminou marcada exatamente por denúncias de desvio de conduta e uso da máquina pública.

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