FEDERAÇÃO COM ENDEREÇO CERTO

Por Marcela Jansen

“Em política, a comunhão de ódios é quase sempre a base das amizades.” (Charles Tocqueville)

FEDERAÇÃO COM ENDEREÇO CERTO

A federação entre PP e União Brasil no Acre não é um pacto de fortalecimento partidário. É uma construção cirúrgica com um nome e sobrenome: Mailza Assis. Com o apoio direto do governador Gladson Cameli, a senadora ganhou uma estrutura que pode alavancar sua pré-candidatura ao governo em 2026 — mesmo sem ainda ter a preferência popular.

ALAN RICK NA CONTRAMÃO

Alan Rick tentou barrar a federação e não foi por acaso. Com pretensões sólidas ao governo, ele viu a união dos partidos como um cerco político. A estrutura que antes poderia impulsionar seu nome pelo UB agora está nas mãos de Mailza — e o recado foi claro: quem manda na engrenagem é o grupo de Gladson.

ESTRUTURA É UM COISA, VOTO É OUTRA

Apesar do movimento de bastidor, os dados das pesquisas até agora não mentem: Alan Rick lidera com folga as intenções de voto para 2026. E quanto mais a federação se fecha em torno de Mailza, mais ele se distancia como alternativa viável no eleitorado. Ter máquina é bom. Ter voto, melhor ainda.

FEDERAÇÃO OU ARMADILHA?

A jogada que fortalece Mailza pode virar armadilha em 2026. Unificar dois partidos grandes em torno de um nome ainda pouco competitivo nas pesquisas pode acuar aliados e afugentar votos. E se Alan Rick bater o pé e disputar por fora, o racha interno pode transformar a federação em passaporte para o segundo lugar.

GLADSON JOGA PESADO, MAS E DEPOIS?

Gladson venceu a queda de braço e emplacou Mailza na frente da federação. Mas, ao que tudo indica, comprou uma briga de longo prazo com Alan Rick, um dos políticos mais articulados do estado. A dúvida agora é se o governo está preparando o caminho para Mailza ou cavando uma crise com o seu próprio grupo.

ÔNIBUS ELÉTRICO, DÍVIDA REAL

A prefeitura de Rio Branco prepara um novo empréstimo de R$ 67 milhões para comprar ônibus elétricos. Mas a pergunta que ninguém na gestão responde é: de quem é a obrigação de renovar a frota? Da empresa ou do município? Bocalom, que fez carreira criticando governos que favoreciam empresários do transporte coletivo, agora assume o mesmo papel. A diferença é que, no seu caso, o pacote vem com dívida longa, sem licitação e sem vergonha.

QUEM PAGA A CONTA É O POVO

Enquanto a gestão diz que está pensando no futuro, compromete o presente com mais um empréstimo milionário — e o pior, cumprindo obrigações que seriam da empresa, não do erário público. Renovar frota, atualizar veículos, garantir conforto e eficiência é papel de quem explora o serviço, não do contribuinte. O discurso de “modernização” é bonito, mas na prática parece só mais uma maquiagem cara para agradar o setor empresarial.

LICITAÇÃO? PRA QUÊ?

A pressa em aprovar esse novo empréstimo esconde um ponto crucial: cadê a licitação? O modelo do contrato, o tipo de ônibus, os fornecedores, tudo segue nebuloso — como de costume. O que se sabe é que a fatura será paga pelo povo de Rio Branco. E que a conta vai chegar.

CÂMARA DE CABEÇA BAIXA

O projeto deve passar fácil na Câmara, porque o presidente do parlamento, vereador Joabe Lira é da cozinha do Palácio. Só haverá resistência se os demais vereadores tiverem coragem de não abaixar a cabeça.

AUSENTES CCOMO SEMPRE

A sessão de quarta-feira, 30, na Câmara Municpal foi suspensa por falta de quórum. De novo. Enquanto cadeirantes esperavam para reivindicar direitos básicos, boa parte dos vereadores sequer apareceu para trabalhar. É a mesma turma que, em campanha, dizia que seria diferente da legislatura passada. Pois bem: não só está sendo igual, como, em alguns pontos, já conseguiu ser pior.

OS BASTIDORES QUE O POVO NÃO VÊ

Pelos corredores da Câmara, já se fala em situações absurdas acontecendo longe dos holofotes. Troca de favores, falta de transparência e decisões atropeladas. O que era pra ser um novo tempo para a política municipal está virando um velho roteiro de conchavos e submissão. O povo segue esperando o “diferente” que prometeram.

ARTICULAÇÃO COM HABILIDADE

Pré-candidato à reeleição ao Senado pelo PL, Márcio Bittar já se movimenta para montar uma chapa robusta na disputa por vagas na Câmara Federal. E quem conhece a política acreana sabe: ele entende do jogo.

AFRONTA AOS PRODUTORES

A devolução de R$ 955 mil por Tião Bocalom, que seriam usados para casas de farinha, é uma afronta à agricultura familiar. Em vez de apoiar quem vive da mandioca, o prefeito tratou o recurso como sobra de caixa — e ainda disse que não se arrepende.

DESPREZO POLÍTICO

O Ministério Público abriu investigação, e é bom que vá até o fim. Porque se o campo continua esquecido, não é por falta de verba — é por excesso de desprezo político.

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