Famílias são levadas para escolas de Rio Branco após transbordo de igarapés

Foto: Richard Lauriano/Rede Amazônica

O acumulado de mais de 50 milímetros de chuva entre esta quinta (22) e sexta-feira (23) fez com que os igarapés Batista e São Francisco transbordassem e, consequentemente, deixassem famílias desabrigadas e desalojadas.

Até à última atualização da Defesa Civil de Rio Branco, emitida às 9h de sexta, dez famílias já estão em abrigos organizados na escola Álvaro Vieira da Rocha, no bairro Conquista, na capital acreana. Além disto, a Coordenadoria do órgão apontou ainda que estão fazendo a remoção de outras famílias.

Este é o caso da autônoma Maria Ivanete de Souza. Ela mora no bairro Hélio Melo há 12 anos e disse que já passou por situações de transbordamento do Igarapé São Francisco e de retirada de móveis por quatro vezes.

“A situação ano passado [2023] foi bem complicada. Bem complicada mesmo porque nós perdemos bastante coisa. Guarda-roupa, sofá, armário, quatro colchões. Inclusive, a minha cama está com a base toda quebrada, porque molhou também. E sem contar as coisas miúdas, feira e outras coisas. Então foi muito difícil. As minhas coisas hoje eu estou pagando. A gente está tentando tirar as coisas que pode […] uma situação muito triste, de ver as pessoas, sabe, eu não falo nem por mim, mas pelas [outras] pessoas, quando a gente passa na rua depois da alagação, é uma tristeza só, sabe. E esse bairro é um bairro humilde, né, de pessoas humildes. E a gente vê nessa situação, a gente luta, e tudo é difícil”, comentou.

A família da Sebastiana Granjeira é uma das dez que precisou ser levada para a escola Álvaro Vieira da Rocha, no bairro Conquista. Ela conta que na última inundação, não deu tempo de retirar nada de dentro de casa.

“A gente está com medo de encher como da outra vez quando encheu, o pessoal conseguiu me tirar, mas minhas coisas não tiraram. A casa também tá para cair, tá meio torta, então mandaram eu sair, e eu vim”, complementou.

Cleonice Veloso é autônoma e também foi levada à escola. No ano passado, perdeu tudo. Esse ano, saiu antes da agua entrar na casa dela, porque disse que ainda está pagando as parcelas dos móveis recém-comprados.

“A água já estava no quintal, debaixo da casa. E aí só faltava subir. Do ano passado não deu tempo de eu tirar nada, né? Então eu perdi tudo. Não escapou nada. Até a roupa eu ‘escapei’ por aqui. Porque aí quando eu cheguei, nem canoa tinha […] mas, agora eu trouxe as minhas coisinhas, comprei, estou pagando”, disse.

Cleonice Veloso é autônoma e disse que não ganhou nada da prefeitura no Projeto Recomeço; ela teme perder os móveis esse ano novamente — Foto: Richard Lauriano/Rede Amazônica
Cleonice Veloso é autônoma e disse que não ganhou nada da prefeitura no Projeto Recomeço; ela teme perder os móveis esse ano novamente — Foto: Richard Lauriano/Rede Amazônica

De acordo com o órgão, três escolas já foram preparadas para abrigos:

  • Escola Anice Dib Jatene, no bairro Geraldo Fleming;
  • Escola Álvaro Vieira da Rocha, no bairro Conquista;
  • Escola Alcimar Nunes Leitão, no Conjunto Universitário.

Nesta sexta-feira (23), o Parque de Exposições também já começa a ser limpo para a construção dos módulos habitacionais.

O governador do Acre, Gladson Cameli, apresentou na manhã desta sexta-feira (23), o plano de contingência contra as enchentes.

“Isso aqui é uma questão humana, de várias pessoas, pessoas que foram atingidas pelo nível das águas. É o momento de darmos as mãos, cada secretário, cada autarquia, fazer um levantamento daquilo que está pendente, o que quer que seja, o estado está presente dando o apoio. Estou reformulando minha agenda essa semana para acompanhar de perto a questão do nível das águas, para que a gente não deixe de estar pronto e presente. Agradecer a todas as equipes e pedir a compreensão de toda a população não é o momento de querer achar culpado, é o momento de nos ajudarmos. O estado vai fazer o que tiver que fazer para cuidar das pessoas. Não deixe pra amanhã o que se pode fazer hoje”, declara.

 

g1 acre

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