Apesar da queda nos casos, especialistas alertam que vigilância e diagnóstico rápido são fundamentais para o controle da doença.
Apesar da redução nos casos de malária no Brasil, a falta de diagnóstico rápido e adequado ainda representa um grande obstáculo para a eliminação da doença no país. A avaliação é do chefe do Laboratório de Pesquisa em Malária da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Claudio Tadeu Daniel-Ribeiro.
Na última sexta-feira (25), durante as ações do Dia Mundial da Malária, o Ministério da Saúde divulgou que os casos confirmados caíram 26,8% entre janeiro e março deste ano em comparação ao mesmo período de 2023. Mesmo com a queda, foram registrados 25.473 casos em apenas três meses.
Daniel-Ribeiro, que integra o comitê de especialistas que assessora o governo federal, acredita que as metas de reduzir em 90% os novos casos até 2030 e eliminar a transmissão até 2035 são possíveis, desde que haja fortalecimento da vigilância em todo o território nacional. “Embora 99% dos casos ocorram na Amazônia, o mosquito transmissor está presente em 80% do Brasil”, alertou o imunologista.
A malária é causada por protozoários do gênero Plasmodium, transmitidos pela picada do mosquito Anopheles, conhecido popularmente como mosquito-prego. Um viajante infectado pode demorar até 30 dias para manifestar sintomas, podendo nesse período infectar outros mosquitos e perpetuar a transmissão da doença.
Segundo Daniel-Ribeiro, o diagnóstico precoce é essencial, especialmente fora da região amazônica. “Médicos de outras regiões precisam considerar a malária no diagnóstico de pacientes com febre, dor de cabeça, sudorese e calafrios”, afirmou.
No Brasil, a maioria dos casos é causada pelas espécies Plasmodium vivax (80% dos registros) e Plasmodium falciparum, sendo esta última mais letal. A meta é eliminar as infecções por falciparum até 2030, antes de erradicar totalmente a transmissão da malária.
O especialista explicou ainda que o tratamento precoce impede que o infectado transmita a doença a novos mosquitos. “Se não houver diagnóstico rápido e ações de bloqueio na área de infecção, há risco de surtos e até reintrodução da malária em áreas onde ela já havia sido eliminada”, completou.
Atualmente, os serviços de saúde contam com medicamentos eficazes e testes rápidos, feitos com apenas uma gota de sangue. No entanto, o avanço das mudanças climáticas é apontado como um novo desafio para o combate à malária.
“Se a temperatura continuar subindo, podemos ter a reimplantação da malária em áreas que já estavam livres da doença. As condições ambientais podem favorecer o aumento da transmissão, dificultando ainda mais o controle do mosquito”, concluiu.
Com informações da Agência Brasil