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Impedido de disputar as eleições presidenciais de domingo, 18, o ex-presidente Evo Morales declarou que o processo eleitoral boliviano carece de legitimidade e defendeu abertamente o voto nulo. Ao votar em Lauca Eñe, sua base de apoio no centro do país, Morales foi escoltado por camponeses e reafirmou que, se não houver fraude, o voto nulo será maioria.
Aos 65 anos e alvo de um mandado de prisão, Morales está fora da disputa por decisão do Tribunal Constitucional. Segundo ele, trata-se de uma tentativa de silenciar o maior movimento político da Bolívia, o MAS (Movimento ao Socialismo), que hoje enfrenta fragmentações internas. “Vamos votar, mas não vamos eleger”, disse o ex-presidente ao criticar a exclusão de sua candidatura e o rumo do atual governo.
Durante o dia de votação, o processo seguiu de forma pacífica, segundo o Tribunal Supremo Eleitoral. As urnas foram fechadas às 16h, e a divulgação dos primeiros resultados estava prevista para as 20h, no horário local. A expectativa é de segundo turno em 19 de outubro, com a possível exclusão da esquerda da disputa após duas décadas no poder.
A tensão também se manifestou nas ruas. O candidato Andrónico Rodríguez, da Aliança Livre e ex-aliado de Morales, foi hostilizado por apoiadores do ex-presidente logo após votar na região do Chapare. Afastado politicamente de Morales, Rodríguez foi chamado de “traidor” e precisou sair escoltado, reforçando o clima de polarização dentro da própria esquerda.
A atual disputa presidencial é marcada por incertezas, fragmentação e pelo peso simbólico de um ciclo que se encerra. Sem candidatura viável e rompido com antigos aliados, Evo Morales tenta manter influência com base no discurso de resistência. Enquanto isso, a Bolívia se aproxima de um segundo turno entre nomes de centro e direita, em um cenário inédito desde o início da era MAS.