ESG – ranking nacional escancara abismo nos municípios do Estado

Foto: Arquivo/Secom

Enquanto cidades do Sul e Sudeste como Santos (SP), São Caetano do Sul (SP) e Balneário Camboriú (SC) lideram o ranking nacional de desempenho em critérios ESG, os municípios do Acre amargam posições distantes e, em muitos casos, sequer figuram com indicadores minimamente competitivos. A constatação vem do mais recente levantamento do Centro de Liderança Pública (CLP), em parceria com a Seall, divulgado nesta semana, em alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente.

O estudo avaliou 404 dos maiores municípios do país com base em três dimensões: Ambiental (Environmental), Social (Social) e Governança (Governance). Os resultados reforçam um desequilíbrio estrutural: o ESG, sigla que ganhou projeção entre gestores e investidores, ainda é um conceito distante da realidade prática em boa parte da Amazônia.

A capital acreana, Rio Branco, aparece apenas na 329ª posição geral. Cidades do interior do estado, como Cruzeiro do Sul, apresentam desempenho ainda mais tímido — com média ESG de 36,38 pontos, enquanto os líderes do ranking ultrapassam os 80.

Em transparência pública e governança — uma das dimensões avaliadas — o cenário também é crítico. Segundo diagnóstico recente da Transparência Internacional, nenhum dos 22 municípios do Acre atingiu o nível “regular”. Dez foram classificados como “ruins” e doze como “péssimos”.

O Brasil que avança (e o que fica para trás)

No topo do ranking estão municípios com forte estrutura institucional, acesso à tecnologia, arrecadação robusta e práticas consolidadas de gestão. Santos (SP) lidera a lista, seguida por São Caetano do Sul (SP) e Balneário Camboriú (SC). Essas cidades adotam ações práticas e mensuráveis de preservação ambiental, equidade social e transparência administrativa.

Na contramão, regiões Norte e Nordeste continuam sub-representadas nas primeiras posições — um reflexo de décadas de concentração de investimentos, ausência de políticas continuadas e fragilidades estruturais.

O próprio CLP reconhece que o ranking tem como objetivo não apenas premiar boas práticas, mas evidenciar o que precisa melhorar, servindo como bússola para prefeitos e gestores que buscam políticas públicas mais eficazes.

Para especialistas, os dados escancaram a urgência de um novo pacto federativo que considere as desigualdades regionais como ponto de partida para a construção de políticas sustentáveis. No caso da Amazônia, onde o ESG deveria ser protagonista, ainda prevalece a lógica do improviso, da escassez técnica e da baixa transparência.

Foto: Arquivo/Secom

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