Entre os dias 1º e 20 deste mês, a Saúde de Mâncio Lima, interior do Acre, recebeu sete notificações de leptospirose, sendo que seis testaram positivo para a doença. Os dados foram divulgados neste sábado (20) pela coordenação da Vigilância Epidemiológica da cidade.
Os casos são de atendimentos feitos no hospital municipal. O balanço não inclui, por exemplo, os dois casos suspeitos que as equipes de saúde encontraram na Comunidade Ribeirinha Pé da Serra, em uma visita feita este mês.
Os profissionais foram até a localidade após a morte do morador Francisco Moreira, que apresentou sintomas da doença. O coordenador da Vigilância Epidemiológica da cidade, Pedro Gomes de Figueiredo, explicou que, após o óbito, surgiram vários boatos e informações de que haviam diversos moradores na comunidade com a doença.
Uma equipe foi até lá, levou uma médica, medicação e fez palestras para os moradores. “A gente recebeu cerca de 10 notificações no decorrer das Semanas Epidemiologias 16,17,18, [havia] muitos comentários e boatos. Não era tudo isso, a médica atendeu cerca de 35 pessoas, estava dando muita gripe, mas casos suspeitos de leptospirose tivemos dois – em uma criança e uma idosa que estavam com sintomas”, acrescentou.
O coordenador falou que equipes da saúde indígena foram até a Terra Indígena Nawa Aldeia Novo Recreio, a zona rural, onde havia informações também de casos. Os resultados dos exames feitos nos indígenas são aguardados. “A Equipe indígena já está na área, foi lá e esses pacientes já foram encaminhados para fazer a sorologia”, complementou.
Figueiredo garantiu que a situação não está fora de controle e que os casos são comuns no período pós-enchente. “A gente foi lá junto com a equipe da Vigilância Sanitária, uma médica clínica, fizemos palestras na escola, na comunidade, distribuímos hipoclorito e esperamos o resultado dos exames feitos no Lacen [Laboratório Central de Saúde Pública do Acre] para confirmar se são ou não”, concluiu.
Mortes pela doença
O Acre tem duas mortes por leptospirose confirmadas. A primeira foi do músico cruzeirense Diko Lobo, de 41 anos, no dia 15 de abril na UTI do Hospital do Juruá, em Cruzeiro do Sul. Ele era cantor de rock, vocalista da banda Lobos do Vale, compositor, ativista cultural e tinha um programa de rádio na cidade de Cruzeiro do Sul. A morte dele causou comoção.
Em menos de 10 dias, no dia 24 do mesmo mês, o motorista de aplicativo Richard da Silva Cardoso, de 40 anos, morreu Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre). Um parente do motorista, que não quis se identificar, confirmou ao g1 que Cardoso estava internado em estado gravíssimo na unidade.
Ele teve contato com a água do Rio Acre durante a enchente deste ano. Após o contato, ele procurou ajuda médica com febre e dor de cabeça. O quadro dele piorou e ele passou a sentir também dor no corpo, no joelho, nas articulações e na musculatura.
(Por G1 Acre)