Foto: Correio online
Mulheres que puxam a tropa
A imagem da pecuária no Acre sempre foi associada a grandes lideranças masculinas. Mas, em meio ao avanço da tecnologia, à pressão das legislações ambientais e à necessidade de reconexão com a sociedade, é a voz de mulheres como Elimar Teixeira, da Fazenda Aquarius, que começa a marcar Uno agro acreano.
Em entrevista ao Correio OnLine, Elimar não se limitou a falar de genética bovina ou dos leilões que movimentam milhões de reais. Foi além: falou em solidariedade, em educação e na humanização do campo. “A pecuária é solidária, cada vez mais humanizada”, disse, destacando o papel dos pecuaristas no apoio ao Hospital do Amor, por meio de doações em leilões que já se espalham por todo o estado.
Outro ponto marcante da fala da pecuarista foi a ponte que construiu com a Universidade Federal do Acre (UFAC). A Fazenda Aquarius recebe alunos e pesquisadores em atividades práticas, transformando a fazenda em uma verdadeira sala de aula a céu aberto. “É o encontro da ciência com a necessidade do produtor”, afirma Elimar, lembrando o trabalho das professoras Bruna e Almezina, que coordenam projetos de pesquisa diretamente no campo.
Essa postura rompe com a visão tradicional da pecuária apenas como negócio e mostra um olhar feminino voltado para o futuro, onde produção, ciência e sociedade caminham lado a lado.
A voz firme contra preconceitos
A pecuarista também não fugiu de debates espinhosos. Ao tratar do peso das leis ambientais e do olhar urbano sobre o campo, Elimar foi didática e direta: “o leite não nasce na caixinha”. O recado é claro: é preciso mais conhecimento e menos preconceito sobre o agro.
Ela reforça que o Acre produz uma carne diferenciada, com rebanhos criados majoritariamente a pasto e suplementados apenas com minerais. “É uma carne 100% verde, que deve ser valorizada”, defende.
A fala de Elimar sintetiza o que representa o protagonismo feminino no agro acreano: sensibilidade para a solidariedade, firmeza para enfrentar os desafios do setor e inteligência para conectar ciência, sustentabilidade e produção.
Sua liderança não é isolada. Outras mulheres começam a ocupar espaço de destaque no campo acreano, seja na gestão de propriedades, em cooperativas ou em associações. Mas o tom que ela imprimiu nessa entrevista mostra que a presença feminina está mudando a narrativa do agronegócio: de um setor apenas de números para um setor também de pessoas.