Edvaldo Magalhães acusa Estado de negligência com escolas rurais: “condenam jovens ao esquecimento”

Foto Sérgio Vale

Foto: Sérgio Vale

O escândalo da escola mantida em um curral no município de Bujari virou estopim para um duro pronunciamento do deputado estadual Edvaldo Magalhães (PCdoB) nesta terça-feira (10), na Assembleia Legislativa do Acre. Indignado, o parlamentar afirmou que a cena exibida pelo programa Fantástico, da TV Globo, não é um episódio isolado, mas o reflexo de uma política de abandono da educação rural no estado.

“Não é uma exceção, é a regra. O que vimos no Bujari se repete em Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Cruzeiro do Sul…”, denunciou. A crítica mira diretamente a gestão da Secretaria de Estado de Educação, acusada de negligenciar sistematicamente as escolas distantes dos centros urbanos.

Edvaldo foi além. Denunciou contratos emergenciais firmados às pressas, sem licitação, para aquisição de livros e plataformas do Enem, que somam mais de R$ 25 milhões. Enquanto isso, crianças e jovens da zona rural seguem sem professores, transporte escolar ou estruturas mínimas para estudar. “Quando o interesse é comercial, tudo anda rápido. Mas quando se trata dos filhos dos pobres, dos que vivem longe, a resposta do Estado é o silêncio”, disparou.

Afastamento do secretário e blindagem política

O parlamentar leu em plenário trechos da recomendação da conselheira Dulcinéa Benício, presidente do Tribunal de Contas do Estado, que determinou o afastamento do secretário de Educação por 30 dias, a pedido do Ministério Público de Contas.

Segundo ele, a medida é necessária diante da inércia do governo e das irregularidades comprovadas. “É um crime manter esses jovens condenados a estudar em condições subumanas. E mais grave: continuar fingindo que é normal”, afirmou.

Edvaldo também resgatou um caso anterior, veiculado no Fantástico em fevereiro de 2024, que denunciava irregularidades nos contratos da empresa MedTrauma com o Estado. Segundo o parlamentar, apesar das promessas públicas, nada foi feito desde então. “Suspenderam sessão, prometeram mudanças, falaram em nova licitação. Um ano depois, os materiais superfaturados seguem sendo pagos. Aposta-se sempre na impunidade e no esquecimento”, criticou.

Ao final do discurso, Edvaldo defendeu a conselheira Dulcinéa Benício, alvo de ataques após a nova denúncia. “Quando falta argumento para responder ao vexame, atacam quem cumpre a lei. Mas a Dulce é séria, correta, respeitada até por quem a critica”, concluiu.

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