Educação no Acre: o fracasso que se repete

Foto Divulgação 2

É impossível falar de futuro quando o presente da educação no Acre permanece atolado em descaso, improviso e promessas vazias. Ano após ano, os números falam alto — e a realidade, mais ainda. O recente Censo Escolar 2024 apenas escancarou o que quem vive ou trabalha no sistema já sabe: a educação pública no estado está à deriva, à mercê da burocracia e da incompetência institucional.

A queda nas matrículas, a evasão escolar em alta e a precariedade estrutural das escolas são sintomas de uma doença crônica: a ineficiência do Estado e da Secretaria de Educação. Em pleno 2024, mais de um terço das escolas acreanas ainda não têm acesso adequado à internet, muitas funcionam com infraestrutura defasada, e professores seguem atuando em condições adversas, com baixa valorização e escasso suporte pedagógico.

A desculpa da pandemia, usada por tanto tempo para justificar atrasos e retrocessos, já não se sustenta. A verdade é que falta vontade política. Falta planejamento. Falta coragem para enfrentar de frente os problemas que minam o sistema público de ensino, como a ausência de políticas de permanência escolar, a má distribuição de recursos e a falta de investimentos consistentes em formação continuada para os educadores.

A Secretaria de Educação se mostra incapaz de conduzir uma política educacional eficiente e duradoura. A cada nova gestão, planos são interrompidos, projetos são engavetados, e a base — formada por professores, estudantes e servidores — segue desamparada. O resultado? Gerações inteiras de jovens sem acesso pleno a uma educação de qualidade, reproduzindo um ciclo de exclusão e desigualdade.

Enquanto isso, o governo estadual silencia. Finge não ver. Lança programas midiáticos que não resistem ao primeiro balanço de resultados. A educação, que deveria ser prioridade absoluta, segue relegada ao segundo plano — ou pior, ao último. E quem paga o preço é o povo acreano, especialmente os que vivem nas periferias urbanas e nas comunidades mais afastadas, onde o Estado quase nunca chega.

Os efeitos dessa negligência não são abstratos — eles têm nome, rosto e idade. Estudantes que desistem da escola por não verem nela um caminho real para o futuro. Professores que adoecem, física e emocionalmente, por falta de condições mínimas de trabalho. Famílias que perdem a esperança de ver seus filhos ascendendo por meio da educação.

Enquanto o poder público não assumir seu papel com seriedade, o Acre continuará se distanciando dos avanços educacionais conquistados em outras regiões do país. O Censo Escolar 2024 é mais do que um diagnóstico — é um alerta urgente de que a educação pública acreana está à beira do colapso, e que as consequências desse abandono se estenderão por décadas, se não forem enfrentadas agora.

É hora de encarar os fatos com a seriedade que eles exigem, é preciso romper esse ciclo. Chega de discursos vazios e promessas repetidas. A educação precisa deixar de ser pauta eleitoral e se tornar prioridade de Estado. Caso contrário, estaremos não apenas falhando com o presente, mas comprometendo irremediavelmente o futuro de toda uma geração.

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