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“Se é no inverno, temos problema de água. Se é no verão, temos problema de água. O que está faltando é planejamento”. A frase é do vereador Eber Machado (MDB), durante sessão na Câmara Municipal de Rio Branco, na quinta-feira, 7, para expor o que considera um escândalo envolvendo gastos públicos, ausência de planejamento estratégico e, nas suas palavras, uma “patifaria institucionalizada” na gestão da crise hídrica da capital acreana.
O estopim da denúncia foi a contratação da empresa Geoscan, de Fortaleza (CE), especializada em estudos geológicos, para a realização de análises de solo com o objetivo de perfuração de poços artesianos em Rio Branco. Segundo o vereador, o valor do contrato ultrapassa R$ 698 mil — e o estudo, embora caro, teria sido mal executado ou até mesmo ignorado.
“Levantaram o drone no mês de fevereiro, época em que as águas estão altas. Como vão identificar onde faltará água assim? Era pra ter feito isso agora, no mês de agosto, quando o chão já racha”, disparou.
Eber não poupou críticas ao prefeito Tião Bocalom, que nesta semana assinou decreto de emergência por conta da seca que atinge a cidade. Para o vereador, o decreto seria uma manobra para abrir caminho a compras emergenciais e dispensas de licitação, o que, segundo ele, “já tem gente esfregando as mãos”. “O drone levantou e levou quase R$ 700 mil. E agora querem decretar emergência? Isso é um escárnio! E o relatório desse estudo? Sumiu do Portal da Transparência!”, acusou, exibindo documentos em mãos.
O parlamentar também citou outro escândalo anterior envolvendo a obra dos reservatórios do bairro Montanhês, que teriam consumido mais de R$ 5 milhões em recursos e, segundo ele, foram abandonados. “Está tudo borrado, deteriorado. E o Ministério Público não faz nada, o Tribunal de Contas não faz nada. Até quando vamos aceitar isso?”, questionou em tom inflamado.
Por fim, Machado protocolou um requerimento com pedido de cópia integral do contrato, relatório técnico do estudo geológico e esclarecimentos sobre os critérios usados para definir os pontos de perfuração dos poços. Mesmo reconhecendo que o pedido deve ser rejeitado pela base do governo, Eber afirmou que continuará fazendo sua parte como fiscal do povo:
“Enquanto eu estiver nesta Casa, eu vou mostrar a verdade. E se for preciso contratar uma empresa para passar pérola nos olhos de quem não quer ver, eu contrato!”, ironizou.