Do roçado ao mercado: como o milho e a soja estão mudando o mapa agrícola do Acre

Foto: Internet

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O Acre vive uma transformação silenciosa no campo. De uma economia marcada historicamente pelo extrativismo e pela pecuária extensiva, o estado começa a redesenhar seu mapa produtivo com base em duas culturas que avançam ano após ano: milho e soja. Os dados mais recentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) confirmam essa virada. A safra 2025/2026 deve alcançar 231 mil toneladas de grãos — um crescimento de 9,1% em relação ao ciclo anterior.

Por trás do número, há uma mudança estrutural que reposiciona o Acre no cenário da Amazônia Ocidental. Municípios como Acrelândia, Plácido de Castro, Capixaba e Sena Madureira consolidaram-se como polos agrícolas, atraindo investimentos e ampliando o uso de tecnologia no campo. A produção de soja, por exemplo, deve crescer 18,4%, saltando de 64,3 mil para 76,1 mil toneladas. O milho, por sua vez, tem previsão de alta de 5,3%, alcançando 147,1 mil toneladas.

O avanço não ocorre apenas pela ampliação da área plantada — que subiu 7%, de 68,7 mil para 73,5 mil hectares —, mas também pelo ganho de produtividade. A média por hectare passou de 3.082 quilos para 3.143 quilos. O uso de sementes mais adaptadas ao solo amazônico, o manejo adequado e a assistência técnica da Embrapa e de cooperativas rurais têm sido decisivos nesse processo.

Produtores relatam que o milho e a soja, antes vistos como culturas de risco, hoje garantem estabilidade e mercado. A proximidade com Rondônia e a fronteira com o Peru favorecem o escoamento e abrem novas possibilidades de exportação. A perspectiva é que, nos próximos anos, o Acre amplie o beneficiamento e agregue valor à produção, reduzindo a dependência de insumos importados e fortalecendo o agronegócio regional.

A virada agrícola do Acre, antes uma aposta, começa a se tornar realidade — e a terra, que antes era sinônimo de floresta e seringais, agora abriga um novo ciclo de prosperidade.

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