Discurso vira marmita: produtores ignoram fala de Petecão em audiência tensa na Aleac

Foto Reprodução

Produtores rurais lotaram a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), na sexta-feira (11), durante audiência pública para discutir os impactos dos embargos ambientais e das operações realizadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em áreas produtivas do estado. A sessão foi marcada por momentos de tensão, especialmente durante o discurso do senador Sérgio Petecão (PSD-AC), que foi vaiado e ignorado por parte do público.

Ao iniciar sua fala, o parlamentar foi recebido com protestos e descontentamento de produtores, principalmente da região de Xapuri e da Reserva Extrativista Chico Mendes, que responsabilizam a atuação do ICMBio por prejuízos e insegurança jurídica nas áreas rurais. Em meio às críticas, parte dos presentes abriu marmitas e começou a almoçar durante o discurso, como forma de protesto silencioso.

Foto Correio online

A reação foi motivada por declarações anteriores do senador, que teria buscado diálogo direto com órgãos ambientais federais em Brasília antes de ouvir as comunidades atingidas pela chamada Operação Suçuarana — realizada no mês passado com ações de retirada de famílias e apreensão de rebanhos. “Eu acho que errei em procurar primeiro os órgãos como o Ibama e o ICMBio lá em Brasília. Era pra ter ido até vocês”, disse Petecão, em tentativa de reconciliação.

A fala, no entanto, não convenceu parte dos presentes. Para os produtores, as operações foram desproporcionais e ignoram a realidade de quem vive do campo.

Entre os manifestantes, estava o produtor rural Josenildo, atingido pelos embargos do ICMBio na Resex Chico Mendes. Ele relata perdas com a apreensão de gado e a paralisação das atividades produtivas. “O que mais dói é ver que quem deveria defender a gente aparece só quando a pressão aumenta. Enquanto isso, a gente tá sem produzir, sem vender, sem renda. Quem sustenta esse estado somos nós. Mas parece que ninguém quer ouvir”, declarou José Arnaldo.

A audiência reuniu também representantes de entidades de classe, parlamentares da bancada federal e moradores de comunidades da Transacreana, Porto Acre e Resex Chico Mendes. A principal cobrança dos participantes foi por mudanças na legislação ambiental, anistia de multas e garantia de permanência nas terras.

Parlamentares prometeram encaminhar as demandas aos ministérios responsáveis e reforçar a defesa dos produtores nas instâncias federais. Apesar dos compromissos, o clima entre os participantes reforçou a urgência por medidas concretas e diálogo direto com as comunidades afetadas.

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