Desigualdade de renda atinge menor nível da série histórica no Brasil, aponta IBGE

Ilustrativa

A desigualdade de renda voltou a recuar no Brasil em 2024 e atingiu o menor nível já registrado desde o início da série histórica, em 2012. A informação foi divulgada na quinta-feira, 8, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

Segundo o levantamento, o índice de Gini — que mede a concentração de renda no país — caiu de 0,518 para 0,506 entre 2023 e 2024, uma queda de 2,3%. Quanto mais próximo de zero, menor é a desigualdade; quanto mais próximo de um, maior é a concentração de renda. O resultado renova o patamar mais baixo da série histórica.

Outro dado que reforça essa melhora é a diferença entre a renda dos 10% mais ricos e a dos 40% mais pobres. Em 2024, os mais ricos ganhavam, em média, 13,4 vezes mais que os mais pobres. Ainda que o abismo permaneça significativo, esse é o menor índice desde o início da medição, superando o recorde anterior de 2018, quando essa razão chegou a 17,1 vezes.

De acordo com o IBGE, a redução da desigualdade tem relação direta com dois fatores principais: a melhora no rendimento do trabalho, especialmente entre os mais pobres, e o aumento da cobertura de programas sociais. O rendimento médio do trabalho subiu para R$ 3.225, enquanto os valores recebidos de programas sociais chegaram a uma média de R$ 836 — ambos recordes.

Além disso, a proporção da população beneficiada por iniciativas como Bolsa Família e BPC-Loas cresceu de 8,6% para 9,2%, alcançando mais de 20 milhões de brasileiros. A presença desses programas foi mais expressiva nas regiões Norte (13,5%) e Nordeste (15,7%).

No recorte regional, o Sul manteve o menor índice de Gini do país (0,460), ainda que tenha havido um leve aumento em relação ao ano anterior. Já o Nordeste continua liderando em desigualdade (0,502), mesmo após registrar uma leve queda. O Distrito Federal apareceu como a unidade federativa com maior concentração de renda (0,547), enquanto Santa Catarina obteve o menor índice (0,431), apesar de um ligeiro aumento em comparação com 2023.

O IBGE ressalta que, embora o cenário seja de melhora, o Brasil segue sendo um país com altos níveis de desigualdade social. A análise do índice de Gini nacional, inclusive, não é comparada diretamente com outros países devido a diferenças nas metodologias de coleta e cálculo.

A redução da desigualdade é uma das metas centrais do governo federal. Apesar dos avanços em distribuição de renda, o governo Lula enfrenta desafios de popularidade, em parte devido à alta dos preços dos alimentos, que afeta diretamente as camadas mais pobres da população.

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