Da dor à colheita: Gabi transforma recomeço em vitória no QualiCafé 2025

Foto: Diego Gurgel/Secom

Foto: Diego Gurgel/Secom

O resultado final do QualiCafé 2025 coroou os melhores produtores do ano, mas uma das histórias mais marcantes do concurso vem de quem já se considerava vencedora antes mesmo do anúncio: Gabi (Gabriele de Freitas Tavares), uma das 15 finalistas e uma das três mulheres a conquistar espaço em uma disputa tradicionalmente dominada por homens.

Durante uma conversa exclusiva com o Correio Online, Gabi falou sobre a alegria e o nervosismo de viver esse momento. Ao ser questionada se, no início da plantação — quando colheu a primeira safra e realizou a torra — ela imaginava chegar tão longe, respondeu com sinceridade:

“Não, eu não imaginei, até porque foi a nossa primeira safra. Então, pra mim, foi maravilhoso. Pra mim e pra minha família.”

Mesmo antes do resultado, ela já se via como vencedora. “Tô ansiosa, mas eu já me acho uma vencedora por estar entre os 15 melhores. Então, o que der no resultado, eu já tô feliz do mesmo jeito.”

Esse sentimento revela algo forte: para Gabi, estar entre os finalistas já é um marco — um reconhecimento de coragem, resiliência e dedicação.

Quando questionada sobre o significado de estar entre as 15 melhores, sendo uma das três mulheres, Gabi não hesitou. “Para mim é uma superação, pois, nós, mulheres ainda temos muita dificuldade em ser reconhecidas na produção. Então, nós, mulheres finalistas do QualiCafé somos vitoriosas. Isso mostra a força da mulher no campo”.

Essa fala resume o que o Vale Café 2025 simboliza para ela — um espaço de resistência feminina e de reafirmação do papel da mulher no campo, que ainda enfrenta desafios históricos de reconhecimento, crédito e visibilidade.

Perguntada sobre o momento mais marcante dessa trajetória, Gabi se emocionou ao lembrar de uma fase difícil da vida. “A memória mais forte que passa na minha cabeça foi o acidente que eu tive. Eu passei quatro meses me recuperando nos outros.”

Após o acidente, ela chegou a ouvir que talvez não voltasse a andar. Mas não desistiu. Seguiu firme, apostou no café e viu seu esforço florescer. Hoje, além de celebrar a própria recuperação, comemora também o fortalecimento do cultivo e o reconhecimento do seu trabalho entre os melhores do Acre.

“O café me ensinou a ter paciência, fé e força. Hoje eu olho pra trás e vejo que cada dificuldade me trouxe até aqui. Se eu pudesse deixar uma mensagem, seria essa: nunca duvide do que uma mulher é capaz quando acredita no que planta.”

Compartilhar