Projeto sugere uso de madeira apreendida para fabricar colmeias, reduzir custos e fortalecer a produção de mel no estado. Iniciativa já começou no Juruá e pode se expandir para todo o Acre.
O que antes era símbolo de crime ambiental pode se tornar motor de desenvolvimento. Uma proposta debatida durante a Expoacre 2025 chama atenção pela simplicidade e poder de transformação: o uso de madeira apreendida para a fabricação de caixas de abelha, reduzindo custos da apicultura no Acre e ampliando a produção local de mel.
A ideia não é nova, mas ganha força nas vozes de lideranças do setor. O apicultor Hamilton Hosbach defende que a madeira ilegal, uma vez recolhida pelo Estado, possa ser destinada a associações de apicultores para a confecção de colmeias. Segundo ele, o custo de uma caixa padrão no Acre varia entre R$ 360 e R$ 480. Com a madeira já disponível, esse valor pode cair pela metade — ou até mais.
“Se a gente estrutura uma marcenaria em parceria com o Estado e com as associações, é possível fabricar as caixas em escala, gerando emprego, renda e fomento à cadeia do mel”, afirmou Hamilton. A proposta já vem sendo executada no Vale do Juruá, com articulação entre a Secretaria de Agricultura e pequenos produtores. Agora, o desafio é expandir a prática para o Baixo e Alto Acre.
Do ponto de vista ambiental, a ideia carrega um simbolismo poderoso: transformar um bem apreendido por crime ambiental em ativo produtivo para cadeias sustentáveis, como a apicultura e a meliponicultura. Isso dialoga com o discurso oficial do governo do Acre de incentivo à bioeconomia e à valorização de cadeias produtivas sustentáveis.
Além da economia direta para o produtor, a proposta contribui para a expansão da atividade e permite que mais famílias ingressem no setor, muitas vezes barradas pelo custo inicial das estruturas.