Cubiu: fruto azedo da mata ganha espaço nas feiras de Cruzeiro do Sul

Foto Marcela Jansen

Cultivado de forma rústica no Vale do Juruá, o cubiu é vendido a R$ 5 nas feiras e garante renda complementar para famílias da região

Quem caminha pelas feiras de Cruzeiro do Sul logo esbarra com uma fruta pequena, arredondada, amarela e de cheiro forte: o cubiu. Azedo como limão e comum nas capoeiras do interior do Acre, o fruto é mais do que um ingrediente típico — é fonte de renda e motivo de orgulho para quem o cultiva.

“Ele é tipo uma maçã azeda. Dá o ano inteiro, nasce sozinho no mato. A gente colhe e vende. É renda garantida”, conta dona Lulu, feirante da cidade que mantém três pés da planta em sua chácara próximo a Cruzeiro do Sul. O saquinho custa R$ 5 e, segundo dona Lula, tem saída certa.

FOTO Internet

O cubiu (Solanum sessiliflorum) é uma planta nativa da Amazônia, da mesma família do tomate. Produzido tradicionalmente por comunidades indígenas e ribeirinhas, cresce com facilidade em solos úmidos e sombreados. No Vale do Juruá, surge em quintais, áreas de capoeira e até em terrenos urbanos abandonados.

“A planta parece um pé de tomate. O fruto tem polpa mole, com sementes dentro, que a gente aproveita pra plantar de novo”, explica Lulu. O cultivo não exige técnicas elaboradas, e o ciclo da planta é contínuo. “Dá o ano todo, como limão”, completa.

O aposentado Antônio Lima de Melo, 68 anos, mais conhecido como seu Pará, também conhece bem o fruto e a região. “Tudo que tem nesse estado eu ajudei a construir. E esse cubiu é um presente da terra. O povo aqui conhece desde criança”, diz, com orgulho, ao mostrar sua barraca de feira.

Foto Marcela Jansen

Além do consumo in natura, o cubiu é usado em sucos, molhos e compotas, além de aplicações medicinais e até cosméticas. É considerado digestivo, anti-inflamatório e benéfico à pele e ao cabelo.

No cenário de abandono enfrentado por muitos produtores, o cubiu resiste — sem precisar de trato, adubo ou tecnologia. É a própria natureza mostrando que, mesmo com pouco, é possível viver da terra.

Cubiu é considerado aliado no combate ao colesterol e à gordura no fígado

Estudos científicos conduzidos por instituições como a Embrapa Amazônia Ocidental e universidades da região Norte revelam que o cubiu é rico em niacina (vitamina B3), ferro, fibras e antioxidantes naturais. Esses compostos atuam no metabolismo da gordura, ajudando a reduzir o colesterol ruim (LDL) e a proteger o fígado de acúmulo de gordura.

 

Além disso, o fruto tem baixa caloria e alto teor de água, o que o torna ideal para dietas equilibradas e para o consumo por pessoas com diabetes ou hipertensão.

Segundo os pesquisadores, o consumo regular de cubiu pode:

  • – Auxiliar na digestão;
  • – Reduzir a gordura hepática;
  • – Melhorar o funcionamento intestinal;
  • – Prevenir inflamações.
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