Crise na educação rural: Prefeitura de Bujari se cala diante de denúncia nacional

Foto Reprodução TV Globo

Enquanto o governo do Estado divulgou nota oficial prometendo entregar uma nova escola de madeira em 40 dias, após repercussão da reportagem divulgada pelo Fantástico, no domingo, 8, onde mostrou a precariedade do ensino no município nas escolas rurais no município do Bujari, a gestão do prefeito João Edvaldo Teles de Lima, o Padeiro (PSD), ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso.

O que se tem até agora são declarações isoladas da coordenadora da rede rural, Rocilda Gomes, esposa do prefeito, que, em entrevista ao Fantástico, afirmou ter sido contrária à reabertura do anexo, mas que os pais decidiram manter as aulas mesmo no espaço precário.

A presença de familiares do prefeito em cargos estratégicos da área educacional aumenta ainda mais a responsabilidade da gestão municipal. Rocilda Gomes, enquanto coordenadora da rede de ensino rural do município, reconheceu as condições degradantes da unidade improvisada, mas não apresentou nenhuma alternativa concreta para evitar que as aulas continuassem no local.

A prefeitura também não realizou nenhuma ação emergencial após o início do ano letivo no anexo, em maio. Nenhuma solução temporária para água potável, transporte escolar ou reforço de equipe foi anunciada. A merenda é feita com água puxada em baldes da casa de um vizinho, e a limpeza da cozinha é feita pelos próprios alunos, que se revezam em tarefas como varrer, lavar panelas e organizar o ambiente.

Transporte escolar é dever compartilhado

A justificativa para o uso do antigo curral como sala de aula é de que a escola-sede, localizada a cerca de 10 km, é de difícil acesso e os alunos não conseguem chegar até ela durante o período chuvoso. O trajeto, segundo a própria reportagem da TV Globo, é quase intransitável, e o carro da equipe atolou duas vezes no caminho.

No entanto, a responsabilidade pelo transporte escolar rural é dividida entre Estado e municípios. Cabe à prefeitura garantir os trechos de menor alcance, especialmente nos arredores da zona urbana. Ao permitir que adolescentes caminhem ou cavalguem por horas até um prédio sem condições mínimas, a gestão municipal falha duplamente: não oferece estrutura e tampouco transporte.

Infraestrutura rural é atribuição local

A falta de água encanada, a ausência de cozinha, a inexistência de sistema de escoamento sanitário adequado e a precariedade do espaço físico também refletem a falta de atuação da prefeitura de Bujari na infraestrutura das comunidades rurais.

Com orçamento próprio, emendas parlamentares e programas federais, seria possível viabilizar alternativas básicas como poços artesianos, cisternas, caixas d’água comunitárias e pequenas ampliações emergenciais. Nenhuma dessas medidas foi tomada, mesmo após o anexo funcionar por dois anos seguidos em caráter “provisório”.

Prefeito ainda não se manifestou

Nenhuma nota pública foi divulgada pela Prefeitura do Bujari diante da repercussão da reportagem do Fantástico. Nenhum plano emergencial foi apresentado, nenhuma visita oficial à comunidade do Limoeiro foi registrada após a exibição da matéria. A equipe de reportagem do Correio Online tentou contato com a equipe da prefeitura, mas não a conclusão da matéria não obteve resposta.

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