Craque saiu do subúrbio para os principais times do futebol do Acre

O ex-jogador Acreano em ação com a camisa do Independência diante do Ji-Paraná, pela Copa Norte de 1997. Foto/Acervo Manoel Façanha.

O único de uma família de sete irmãos a nascer no estado do Acre, o ex-craque Antônio Edson Alves da Silva ganhou o apelido de Acreano logo na infância, passada no bairro Calafate, onde deu os primeiros chutes numa bola de futebol. Ele, que veio ao mundo no dia 15 de julho de 1971, jogava com a mesma desenvoltura tanto no meio de campo quanto na lateral-direita.

Já nas peladas descontraídas da adolescência, a bola cheia do garoto Acreano foi notada por um cidadão do próprio bairro, chamado Chiquinho Oliveira. Foi ele quem convidou o então futuro craque a jogar na equipe juvenil do Fluminense do Calafate. Isso no segundo semestre de 1985, logo após a jovem promessa de futebolista haver completado seus 14 anos.

No primeiro semestre de 1988, antes de completar 17 anos, a família de Acreano mudou do Calafate para o bairro Floresta. Por essa época, já com o seu nome sendo falado nas diversas rodinhas de torcedores, ele foi convidado, pelo treinador Paulão, a defender as equipes de base do Independência, onde permaneceu por duas temporadas, sem ganhar títulos.

“Depois de jogar nos juniores do Independência, sob as ordens dos professores Paulão e Aníbal Honorato, eu fui promovido para o time principal, que na época era dirigido pelo experiente treinador Walter Félix. Não recordo contra qual time eu estreei. Também não lembro quem era o titular na minha posição. Só lembro que o ano era 1989″, disse Acreano.

ex-volante/lateral Acreano com a camisa do Estrelão na metade dos anos de 1990. Foto/acervo Acreano.

De 1989, quando subiu para o time principal do Independência, até o ano 2000, Acreano vestiu outras três camisas: Rio Branco, Atlético e Vasco da Gama. “Foi uma carreira relativamente curta. Parei aos 29 anos, por conta de um acidente que me custou uma fratura no joelho. Mas ainda tive tempo de ser campeão estadual pelo Vasco, em 1999”, afirmou o ex-craque.

Trabalhando hoje como agente socioeducativo, o ex-jogador guarda muitas lembranças (algumas boas, outras ruins) do seu tempo dentro nos gramados. “A melhor lembrança foi a de ter sido eleito o melhor em campo num jogo pelo Independência, contra o Estrelão. A pior foi não ser liberado pela direção do Independência para jogar no Santos paulista”, contou.

No quesito adversário mais difícil de enfrentar, Acreano não pensou muito para nomear o atacante Venícius. “Tivemos muitos confrontos, eu pelo Independência e ele pelo Rio Branco. Ele era rápido e habilidoso, muito liso mesmo. Não se podia piscar contra o Venícius. Foi, sem sombra de dúvida, o jogador que mais me deu trabalho dentro de campo”, garantiu o ex-craque.

O ex-jogador Acreano em ação com a camisa do Independência diante do Ji-Paraná, pela Copa Norte de 1997. Foto/Acervo Manoel Façanha.

Quanto ao gol inesquecível, Acreano, que não se notabilizou exatamente pelos dotes da artilharia, falou que foi um de cabeça, jogando pelo Rio Branco, contra o Juventus, aproveitando um cruzamento do meia Testinha. E no que diz respeito aos melhores parceiros, aqueles caras com os quais ele se entendia à perfeição, Acreano citou Pitiú, Cairara e Marcelão.

Os destaques de um passado recente

Uma seleção de jogadores do futebol do Acre, seus contemporâneos, formaria da seguinte maneira: Faísca; Evandro Coala, Carlos, Jorge e Sérgio Cabeção; Alan, Cairara, Acreano e Mundoca; Palmiro e Pitiú. Reservas: os laterais Michel Bocão (esquerdo) e Dilson (direito), além dos atacantes Rozier e Edilsinho. “Todos esses jogavam pra caramba”, afirmou Acreano.

Vasco da Gama – Campeão Acreano-1999. O volante Acreano é o antepenúltimo agachado. Foto/Manoel Façanha

A respeito das figuras mais destacadas nas funções de treinador, dirigente e árbitro, Acreano apontou, respectivamente, Ulisses Torres, “pelo trabalho no Vasco de 1999”; Edmir Gadelha, “pelo comprometimento com os jogadores, mantendo sempre o pagamento em dia”; e José Ribamar, “pela condução das partidas de forma ao mesmo tempo rigorosa e divertida”.

Coincidentemente, a ascensão de Acreano para o time principal do Independência deu-se no ano da implantação do profissionalismo no futebol do estado. Apesar dessa mudança de regime ser um divisor de águas no esporte local, Acreano contou que esse fato não lhe rendeu quase nada. “Eu sempre assinei contrato por um salário mínimo. Só isso”, afirmou ele.

Vasco da Gama – Campeão Acreano-1999. O volante Acreano é o antepenúltimo agachado. Foto/Manoel Façanha

Atualmente, aos 52 anos, como o joelho acidentado não o incomoda mais, Acreano ainda bate a sua bolinha no time de Masters-50 do Rio Branco. De acordo com ele, essa é uma atividade que lhe proporciona vários benefícios, entre os quais a oportunidade de rever velhos amigos, a chance de exercitar uma antiga paixão e a possibilidade de cuidar da saúde física.

Compartilhar