Corrida da soja: Brasil cresce sobre os EUA e Acre busca protagonismo

Foto: Internet 

Foto: Internet 

Movimento global da oleaginosa fortalece o protagonismo do Brasil no comércio internacional e impulsiona estados amazônicos, com o Acre despontando como nova fronteira agrícola.

A recuperação dos preços da soja marcou a última semana no Brasil e na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT). Mesmo com os prêmios internos em queda, a valorização do dólar deu ritmo aos negócios e estimulou operações de venda antecipada. Segundo a consultoria Safras & Mercado, o mercado disponível apresentou um movimento mais moderado, já que muitos produtores, beneficiados pela recente reação das cotações, preferiram adotar postura mais cautelosa, especulando e aguardando condições ainda mais favoráveis.

No cenário global, a soja brasileira vem ganhando espaço e competindo diretamente com os Estados Unidos, o que tem fortalecido a presença do país nas exportações e contribuído para a alta nos preços internacionais.

O Acre no mapa da soja

No Acre, a oleaginosa desponta como protagonista de uma nova fase do agronegócio. Embora ainda distante dos números alcançados por estados do Centro-Oeste, a produção local cresce em ritmo acelerado. Em 2023, o Estado registrou um salto expressivo, com embarques de soja que passaram de 1,5 milhão de dólares em 2022 para 5,5 milhões, alcançando 18,8 milhões ao longo do ano.

No ano seguinte, a soja manteve a liderança da pauta exportadora acreana, movimentando mais de 21 milhões de dólares e consolidando-se como o principal produto de exportação do estado. Apenas no primeiro quadrimestre de 2025, a oleaginosa já havia gerado 6,5 milhões de dólares em vendas externas, mantendo a expectativa de expansão para os próximos meses.

O avanço da soja no Acre é reflexo da abertura de novas áreas produtivas e da melhoria gradual na logística de escoamento. A construção da Ponte do Abunã, sobre o rio Madeira, conectou definitivamente o estado à malha viária nacional e facilitou a saída da produção pela BR-364 em direção aos portos do Norte.

A produtividade também chama atenção: na safra 2023/2024, a média acreana ficou em 3.460 quilos por hectare, superando em cerca de 5% a média nacional. Esse desempenho coloca o estado em posição de destaque, especialmente quando se considera que há poucos anos a soja tinha papel marginal na economia local.

Carro-chefe do agronegócio brasileiro

Em escala nacional, o complexo soja segue como carro-chefe do agronegócio. Em 2023, o setor respondeu por mais de 40% do valor total exportado pelo campo brasileiro, com 6,49 bilhões de dólares em vendas externas. Outro destaque é o complexo sucroalcooleiro, impulsionado pela produção de cana-de-açúcar, que garantiu 4,6 bilhões de dólares em exportações.

Juntos, soja e cana confirmam o protagonismo do Brasil na pauta agroexportadora, que fechou o ano com o recorde de 166,5 bilhões de dólares em vendas, quase metade de todas as exportações do país.

O desempenho da soja brasileira, tanto nos grandes polos produtores quanto em novas fronteiras agrícolas como o Acre, reforça o peso do grão na balança comercial e evidencia o papel estratégico do Brasil na segurança alimentar mundial.

A disputa por espaço com os Estados Unidos, em meio à alta do dólar e à demanda internacional aquecida, projeta um cenário em que o país deverá ampliar ainda mais sua participação no mercado global, ao mesmo tempo em que estados amazônicos como o Acre consolidam sua inserção na economia agroexportadora.

 

Compartilhar