“Esse complexo vai dar orgulho a Região Norte”. A frase dita com firmeza pelo presidente da Coopercafé, Jonas Lima, traduz o sentimento que tomou conta da inauguração do Complexo Industrial do Café, realizada no último sábado, 28 de junho, em Mâncio Lima, no Acre. O evento marca não apenas a entrega de uma das mais modernas plantas industriais de café da Região Norte, mas também o fortalecimento de uma cadeia produtiva que passou anos invisível.
A Coopercafé foi fundada com o objetivo de organizar a produção na ponta e garantir que os produtores tivessem mais do que um grão bruto a oferecer: tivessem voz, valor agregado e mercado. “Essa cooperativa foi a ferramenta que nós criamos para que hoje estivesse acontecendo essa festa aqui. A cooperativa foi um passo para a gente chegar onde estamos na área do café”, afirma Jonas.
A planta construída no coração da floresta amazônica, com investimento superior a R$ 10 milhões, é equipada com sistema de secagem por fogo indireto — tecnologia que assegura a qualidade do grão e o torna competitivo em qualquer parte do mundo. “Nosso café, seco aqui, pode ser vendido em qualquer lugar do planeta. Essa indústria entrega isso”, garante Jonas.
Ele destaca que o sucesso do projeto foi resultado direto da união entre produtores, cooperativa e entes públicos. “Tivemos o apoio da classe política, emendas parlamentares, prefeitura acompanhando os produtores por quatro anos. E a Perpétua [Almeida], que entendeu a importância disso na hora certa. Sem ela, sem o presidente Lula, isso aqui não teria saído.”
Uma nova era para o café do Juruá
A estrutura instalada em Mâncio Lima faz todo o processo: secagem, beneficiamento, rebeneficiamento e classificação dos grãos. “Se fizermos gestão, esse projeto vai se tornar referência no Norte. Vai depender da gente: secar dentro do padrão, separar dentro do padrão, não vender gato por lebre. Temos que dizer ao cliente: esse é café número 1 — e mandar o número 1”, pontua o presidente da cooperativa.
Nos primeiros 60 dias de funcionamento, a planta já secou mais de sete mil sacas, mesmo com um processo mais lento que o convencional, exatamente para preservar a qualidade. E o impacto direto já é sentido por mais de 200 produtores, sendo 172 cooperados formalmente e outros 50 em processo de ingresso. Para garantir a integridade do sistema, a entrada na cooperativa só é permitida a quem de fato tem café em campo. “Aqui não entra pela política, não. Só entra quem planta”, afirma Jonas.
Expansão e futuro
O Complexo de Mâncio Lima é apenas o primeiro passo de um plano mais amplo de fortalecimento da cadeia produtiva do café no Juruá. O presidente da Coopercafé, Jonas Lima, revelou que a cooperativa já articula a construção de um anexo operacional em Cruzeiro do Sul, no Ramal 3, em parceria com o prefeito Zequinha Lima, que também é produtor rural e cooperado.
A nova estrutura será voltada especificamente para a etapa de descasque dos grãos, processo inicial no beneficiamento do café. Após essa etapa, o produto será enviado para a unidade central em Mâncio Lima, onde será rebeneficiado, classificado e preparado para exportação.
“Aqui nós temos tudo o que o Brasil precisa. Agora depende de nós, da gestão”, afirma Jonas. Para ele, a integração entre as unidades permitirá ganhos de escala, qualidade e organização logística. “Não precisamos mais esperar por terceiros. A responsabilidade agora é nossa — e vamos cuidar disso com seriedade”, completou.
Com isso, o café do Juruá deixa de ser apenas um grão esquecido nos mapas da produção nacional e passa a ocupar espaço na agenda econômica, com identidade própria, valor agregado e perspectiva de exportação. “Fizemos isso em quatro, cinco anos. Agora temos uma indústria que dá orgulho para o nosso estado, nossa região e ao Brasil”, finalizou.