Concessão de parque ambiental reacende suspeitas sobre ligação entre governo e construtora

Foto cedida

Um possível conflito de interesses está gerando repercussão no governo federal. João Paulo Capobianco, secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente e principal auxiliar da ministra Marina Silva, já foi acionista da Construção — uma das empresas que venceram a licitação para explorar comercialmente o Parque Nacional de Jericoacoara, no Ceará.

A concessão foi organizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que é subordinado justamente ao Ministério do Meio Ambiente. Ou seja: o órgão ao qual Capobianco está vinculado autorizou a exploração de um parque por um consórcio do qual a empresa de sua família faz parte.

Documentos obtidos pelo site Metrópoles mostram que Capobianco tinha, até pelo menos maio de 2022, 4,7% das ações da Construção. Foi nesse período que começaram os estudos e audiências públicas para a concessão do Parque Nacional. Naquele mesmo ano, ele participou de uma reunião com outros acionistas da empresa e ajudou a decidir sobre a distribuição de quase R$ 30 milhões de lucro entre os sócios.

Embora Capobianco tenha deixado o cargo de conselheiro da Construção em 2018 e atualmente não apareça como sócio ou administrador da empresa, a construtora ainda está sob controle de sua família. O presidente da companhia é Roberto Ribeiro Capobianco, irmão do secretário, que já foi investigado pela Lava Jato.

A relação entre os irmãos se estende para outros negócios. Ambos são sócios da Goiasa Goiatuba Álcool LTDA, empresa voltada para o agronegócio e produção de energia, com capital declarado superior a R$ 267 milhões.

O consórcio vencedor da concessão de Jericoacoara não informou se João Paulo Capobianco ainda possui participação acionária. O episódio levanta questionamentos sobre possíveis conflitos éticos e interesses cruzados em áreas sensíveis do governo, especialmente no setor ambiental. (Com informações do Metrópoles)

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