O CAMPO CLAMA
“Marca o Nikolas. Vai lá, gente. Marca comigo. Ele vai ouvir a gente. Tenho certeza que vai encontrar uma solução para nós”. A frase é da influenciadora rural Mara (@mara.do.acre) que meio à poeira da BR-317 e à tensão dos resultados da Operação Suçuarana, – conduzida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), na Reserva Extrativista Chico Mendes -, fez um apelo direto aos seus seguidores durante uma postagens em suas redes sociais.
A fala, espontânea e emocionada, convocava o público digital a ajudar na única arma que o povo do campo ainda tem: o engajamento. Ao lado de outras mulheres como Endellyana Santiago, Kelma Boiadeira, Paty Boiadeira, Rose Ribeiro e Mariana Rodrigues, Mara reforçou que a união de todo nesse momento era fundamental para chegar ao resultado desejado: a ajuda tão esperada.
“A nossa parte a gente tá fazendo aqui. Agora é com vocês aí do outro lado da tela. Marca ele quantas vezes quiser, posta, compartilha, porque vai dar certo.”
Para ela, essa é a chance do grupo de manifestantes, especialmente os atingidos na operação, de serem vistos e ouvidos em Brasília, uma vez que sentem-se abandonados pelo governo do Estado e pelo parlamentares acreanos.
Cadê o governador?
A presença do governador Gladson Camelí (PP) já foi cobrada pelos manifestantes. O silêncio do governo do Acre pesa como ausência dolorosa, especialmente, porque desde o início do protesto, o chefe do Executivo Estadual não apareceu no local ou se pronunciou oficialmente sobre a situação.
A cada dia de manifestação, cresce o sentimento de abandono entre os produtores. “Queremos que o governador venha olhar nos nossos olhos”, desabafou uma das manifestantes, com o celular tremendo entre as mãos, durante uma transmissão ao vivo. O que se vê na estrada é o povo — com fome, medo e dignidade — sozinho diante da força de uma operação federal e do eco vazio dos gabinetes locais.