Chikungunya segue como ameaça no Brasil após dez anos dos primeiros casos

Foto: Agência Brasil

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Doença já provocou mais de 121 mil infecções e 113 mortes em 2025; especialista alerta para desafios no controle do mosquito e no acompanhamento dos pacientes.

Passada mais de uma década desde a chegada da chikungunya ao Brasil, a doença continua sendo motivo de preocupação. O alerta foi reforçado pela reumatologista Viviane Machicado Cavalcante, presidente da Sociedade Baiana de Reumatologia (Sobare), durante o Congresso Nacional de Reumatologia, realizado em Salvador (BA).

Segundo a especialista, o principal desafio é o combate ao mosquito transmissor, os Aedes aegypti e Aedes albopictus. “Morar em uma região tropical, com falhas de saneamento básico, dificulta o controle. Além disso, a rede pública ainda carece de ambulatórios suficientes para acompanhar os pacientes, especialmente os que desenvolvem dores crônicas”, afirmou.

O cenário preocupa também a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que emitiu alerta para surtos localizados em vários países das Américas.
Até 9 de agosto, foram registrados 212.029 casos suspeitos de chikungunya e 110 mortes em 14 países da região, sendo mais de 97% concentrados na América do Sul.

No Brasil, o Ministério da Saúde confirma 121.803 casos e 113 óbitos apenas em 2025, até 17 de setembro. A doença já provocou sete grandes ondas epidêmicas no país desde sua chegada, com destaque para o Nordeste no início e, mais recentemente, estados como Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

Uma possível solução veio do Instituto Butantan, que desenvolveu uma vacina em parceria com a farmacêutica Valneva. O imunizante, feito a partir de uma versão viva e atenuada do vírus, recebeu aprovação da Anvisa em abril para uso em pessoas acima de 18 anos.

Entretanto, em agosto deste ano, a FDA (agência reguladora dos EUA) suspendeu a licença da vacina após relatos de efeitos adversos graves, incluindo casos de encefalite. A decisão pode levar a Anvisa a reavaliar sua autorização no Brasil.

“Esse é um tema muito recente. A suspensão nos Estados Unidos abre uma dúvida sobre o futuro da vacina aqui”, observou Viviane Cavalcante.

A chikungunya é uma doença viral transmitida pelo Aedes aegypti, também responsável pela dengue e zika. Os sintomas mais comuns incluem:

  • febre alta,
  • fortes dores nas articulações,
  • dor de cabeça,
  • dores musculares,
  • calafrios,
  • manchas vermelhas na pele.

Em casos graves, a dor articular pode se tornar crônica e durar anos.

A melhor forma de prevenção continua sendo o combate ao mosquito, com a eliminação de criadouros em recipientes com água parada, como pneus, vasos, garrafas e piscinas sem manutenção. (Com informações Agência Brasil)

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