Foto Jardy Lopes
A presença de um carro de som em um protesto de servidores municipais em frente à Câmara de Rio Branco acabou se transformando no principal ponto de tensão na manhã desta quinta-feira, 11. A RBTrans foi acionada após uma denúncia de que o veículo estaria estacionado em vaga reservada para pessoas com deficiência. A equipe de fiscalização esteve no local, conversou com os servidores e solicitou a retirada do caminhão, que acabou sendo realocado para o estacionamento de uma empresa privada situada em frente ao parlamento — espaço cedido após diálogo do presidente da Assemurb, José Augusto.
A manifestação ocorre no mesmo dia em que a Câmara se prepara para votar o Projeto de Lei Complementar que cria a Nova Lei Orgânica da Administração Tributária do Município e reestrutura a carreira de Auditor Fiscal da Receita Municipal. Para os servidores, o pedido de retirada do carro de som extrapola a questão do trânsito e é interpretado como uma tentativa de reduzir a visibilidade do ato. “A gente não tem outro estacionamento. Ainda bem que a empresa da frente cedeu o espaço para colocar o caminhão. Então aqui não pode mais reivindicar? O trabalhador não pode mais falar perante as injustiças que são feitas no município?”, questionou José Augusto.

O presidente da Assemurb afirma que o projeto enviado pelo Executivo foi construído sem diálogo com as demais categorias de fiscais — e que, por isso, a votação não deveria ocorrer sem antes haver negociação ampla.
“Tem lei aqui beneficiando categoria com gratificação de R$ 5 mil para ser votada hoje, enquanto tem servidor recebendo complementação salarial. Quase metade dos trabalhadores do município ganha complemento porque o menor salário é de R$ 1.400,00 e o salário mínimo vai para quase R$ 1.650,00”, criticou. Segundo ele, a proposta cria um “divórcio” dentro da estrutura administrativa.
E acrescentou: “tentam desmembrar os auditores de tributos sem discussão plena com as outras categorias. Ninguém sabe o que será dos demais. Estamos pedindo apenas para retirar o projeto e abrir negociação. Divórcio precisa ser conversado.”
A retirada excepcional do carro de som, segundo José Augusto, reforçou a desconfiança da categoria. “Só hoje o caminhão não pode estar? É estranho. Muito estranho. Teve denúncia, mas ninguém sabe de onde partiu. A gente supõe que seja da prefeitura, mas não sabe. Mesmo assim, deixamos aqui o nosso repúdio.” Ele afirmou também que os fiscais permaneceram de forma pacífica e agradeceram à empresa que disponibilizou o estacionamento enquanto o protesto continuava do lado de fora da Câmara.
Mesmo com o impasse, a Assemurb afirma que seguirá pressionando por negociação e que a mobilização não deve ser encerrada até que haja resposta do Executivo sobre as reivindicações.
