A indignação do produtor rural Antônio José ecoou com força durante uma audiência pública sobre os embargos ambientais em reservas extrativistas no Acre. Em um dos discursos mais emocionados e contundentes da reunião, ele direcionou duras críticas ao senador Sérgio Petecão (PSD-AC), cobrando posicionamento e relembrando promessas não cumpridas.
“Eu quero dizer pra você, Petecão, que eu votei no senhor e no Márcio Bittar. E agora tudo vai depender da sua postura, se o senhor vai nos defender lá. O senhor foi defensor dessa causa e eu entrego em suas mãos”, disparou Antônio, visivelmente emocionado.
O produtor, que se identificou como neto de um dos combatentes da Revolução Acreana, fez questão de frisar que sua cobrança não é apenas política, mas moral. “Nós fomos traídos lá na guerra de 92, quando o meu bisavô participou pra que nós sejamos cidadãos brasileiros. E hoje, o que a gente vive é humilhação. Nós queremos o direito de viver.”
Ao falar do senador, Antônio José ironizou um vídeo recente de Petecão nas redes sociais em que o parlamentar aparece na sede do ICMBio. “Eu pensei que ele era até repórter”, disse, questionando a efetividade do parlamentar diante dos problemas enfrentados pelos produtores embargados.
“Tem quatro anos ainda, senador. Ainda dá tempo de retomar a luta que o senhor iniciou lá atrás. Acreditamos no senhor. Mas se continuar em cima do muro, o Acre não vai mais eleger candidato melancia – nem de esquerda, nem de direita. Vai ser um ou outro.”
Crítica ao ICMBio e à política ambiental
Além do recado direto ao senador, o produtor fez críticas ao modelo de fiscalização ambiental, ao afirmar que o ICMBio atua como se fosse “juiz e executor ao mesmo tempo”. Ele relatou episódios de medo e humilhação, inclusive com risco de ser preso na frente dos filhos, mesmo sendo um trabalhador rural.
“Meu maior medo é ser preso por defender minha família. O ICMBio chega na sua propriedade, manda sair, leva tudo. Isso é ditadura. Não é justiça”, afirmou.
“Não queremos sacolão. Queremos o direito de viver.”
O discurso de Antônio também foi marcado por apelos emocionados. “Nós não queremos sacolão, nós queremos o direito de viver. O artigo 6º da Constituição diz que temos direito à moradia, à saúde, à educação e ao trabalho. E é isso que estamos pedindo.”
Ele também criticou os limites impostos pelos planos de utilização das reservas extrativistas, especialmente a proibição de criação de mais de 30 cabeças de gado. “Na época ninguém sonhava em ter 30 vacas. Hoje nós sonhamos em ter 10 mil, porque é disso que nossas famílias precisam. Nós trabalhamos, nós temos caminhonete, moto, casa. Trabalhamos pra isso.”