Café indígena atinge nota máxima e faz história na cafeicultura brasileira

Foto: FUNAI

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O café produzido por mãos indígenas na Terra Sete de Setembro, em Rondônia, acaba de conquistar um feito inédito: 100 pontos — a pontuação máxima no protocolo internacional de qualidade para cafés especiais. O resultado consagra o povo Paiter Suruí como protagonista de um novo capítulo na história da cafeicultura brasileira.

O autor da façanha é Rafael Mopimop Suruí, jovem produtor da etnia Paiter Suruí, que integra o Projeto Tribos, iniciativa da linha Rituais 85+ do grupo 3 Corações, voltada à valorização da agricultura indígena e sustentável. O microlote campeão foi avaliado por nove especialistas independentes, sob liderança do mestre de torra Silvio Leite, referência mundial em cafés de excelência.

O grão recebeu nota 100 no Fine Robusta Cupping Form, tornando-se o primeiro café canéfora (robusta amazônico) a alcançar a perfeição sensorial. Segundo os jurados, o perfil de sabor traz notas de rapadura, mel, própolis, hibisco e flor de laranjeira, com acidez média, corpo delicado e final doce, levemente achocolatado.

A conquista aconteceu durante a 6ª edição do Concurso Tribos, que reuniu dezenas de amostras de comunidades indígenas de Rondônia e Acre. O lote vencedor recebeu tiragem especial de 333 unidades, comercializadas como edição limitada “Café Tribos 100 Pontos”, com kit de 150g e moedor artesanal, vendido por R$ 599 no e-commerce Mercafé.

O feito simboliza o encontro entre ancestralidade e inovação. Os Paiter Suruí cultivam o café em sistemas agroflorestais, preservando a floresta e reafirmando a relação espiritual com a terra. “Esse reconhecimento mostra que o nosso modo de produzir, com respeito e equilíbrio, tem o mesmo valor que qualquer tecnologia moderna”, afirmou Rafael durante o evento de lançamento, em São Paulo.

O Projeto Tribos já beneficia mais de 160 famílias indígenas, impactando cerca de 1,2 mil pessoas nas Terras Indígenas Sete de Setembro e Rio Branco. Além de ampliar renda e oportunidades, a iniciativa reforça a autonomia produtiva e o orgulho de pertencer a uma tradição que transforma o território em símbolo de resistência e excelência.

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