Café do Acre desperta interesse nacional após estrutura inédita de industrialização

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Comitiva de empresários de outros estados já busca terras no Acre após destaque do grão regional, afirma diretora da ABDI. Complexo de R$ 10 milhões inaugura novo tempo para a industrialização no coração da floresta.

Na inauguração do Complexo Industrial do Café, em Mâncio Lima, extremo oeste do Acre, a diretora de Economia Sustentável da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Perpétua Almeida, lançou uma afirmação que resume o potencial do grão amazônico: “o café plantado no Acre, mesmo que dê tudo errado, já dá lucro”.

A declaração, feita durante entrevista ao Correio OnLine, reflete não apenas o entusiasmo da representante federal com o projeto, mas também um movimento de atenção nacional voltado para o café acreano. Segundo Perpétua, empresários de diferentes estados têm entrado em contato com a agência querendo saber se há terras disponíveis no Acre para produção.

“Tenho recebido telefonemas de empresários de todo o Brasil querendo vir pra cá. Eles já identificaram que o café do Acre tem um diferencial”, afirmou.

O novo complexo industrial é fruto de uma articulação entre a Cooperativa Coopercafé, o governo federal e instituições como Sebrae, Senai e governos locais. A obra, orçada em R$ 10 milhões, simboliza a virada da industrialização no interior da Amazônia, levando tecnologia e estrutura para mais de dois mil cafeicultores da região do Juruá.

Do grão à exportação, sem sair da floresta

Perpétua destacou que a instalação do complexo representa um divisor de águas para os produtores do Acre, que agora poderão beneficiar o café sem precisar enviar a matéria-prima para fora do estado.

“Eles plantam, colhem e trazem direto para cá. O grão entra na máquina e sai em sacas prontas para comercialização. É um marco, porque agora o produtor consegue industrializar sem depender de atravessadores. Isso melhora a economia local, a renda e a autoestima de quem vive do campo.”

A diretora celebrou o papel da ABDI como instrumento do governo federal para garantir que os avanços da Nova Indústria Brasil cheguem aos rincões da floresta. Segundo ela, “até então, dizia-se que a nova indústria do Brasil não havia chegado à Amazônia. Agora chegou, e chegou com força”.

Mini complexos e bioeconomia

O projeto de Mâncio Lima não será o único. A ABDI já atua em outros estados da Amazônia com foco em produtos como o açaí — que possui identificação geográfica e está entre os próximos alvos da política de industrialização local.

“Temos CGs de açaí no Amapá, no Amazonas e aqui no Acre. Nosso objetivo é replicar o modelo do café em outros produtos e criar mini complexos industriais em regiões menores. Estamos trabalhando com planejamento e parcerias sérias.”

Produção com identidade própria

O investimento no complexo também resgata um sentimento de pertencimento. De acordo com Perpétua, o café do Acre passa a ser reconhecido como um produto com identidade própria, o que impulsiona o valor agregado e abre portas para mercados especializados.

“O mais simbólico é que o povo do Acre agora conhece a ABDI. Isso significa que o trabalho chegou onde deveria: na ponta, com impacto real.”

A diretora ressaltou ainda que o projeto só foi possível porque envolveu uma ampla aliança institucional. “Aqui não olhamos partidos políticos. O governo do Estado foi parceiro, as prefeituras também. É como se fosse um grande mutirão para industrializar a produção local”, finalizou.

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