Cacau nativo é protagonista da nova economia da floresta e mobiliza formação técnica na Expoacre 2025

Foto correioonline

A Expoacre 2025 foi palco, na segunda-feira, 28, de uma movimentação histórica: centenas de produtores rurais, estudantes e empreendedores de diversas cidades do Acre lotaram o auditório do Parque de Exposições Wildy Viana em busca de um futuro sustentável — e o cacau é o protagonista dessa transformação. O ciclo de palestras promovido pela Secretaria de Agricultura (Seagri) virou símbolo do novo tempo: um estado que quer plantar, beneficiar e transformar a floresta em chocolate, renda e permanência no território.

Povos indígenas, coletivos de mulheres e produtores familiares participaram ativamente da programação, que destacou desde o manejo do cacau nativo até a fabricação de chocolates regionais. Foram apresentadas experiências práticas de cultivo em regiões como Juruá e Acrelândia, com resultados animadores: apenas esses dois polos já somam dezenas de hectares cultivados e começam a agregar valor ao fruto com produção artesanal de derivados.

Durante o evento, a Seagri apresentou a “Rota do Cacau – Originário e Cultivo”, uma estratégia que articula diferentes municípios e etapas da cadeia produtiva, desde o cultivo de variedades nativas e clonais até o beneficiamento das amêndoas e a agregação de valor com a fabricação local de chocolates. A proposta busca fortalecer a bioeconomia, gerar renda nas comunidades e posicionar o Acre como um território emergente na produção de cacau fino na Amazônia.

Atualmente, o Acre já contabiliza mais de 80 hectares plantados com cacau em cidades como Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Manoel Urbano, Acrelândia, Capixaba, Porto Acre e Rio Branco. A expectativa é que a expansão da rota impulsione a bioeconomia, gere novos empregos e posicione o estado como referência no segmento de cacau fino da Amazônia.

Formação e desafios de uma nova era produtiva

A programação técnica da Seagri continua ao longo da semana com workshops temáticos certificados — entre eles, os dedicados ao mel, café, pecuária e sociobiodiversidade. Os encontros, gratuitos e abertos ao público, visam fortalecer a capacitação de quem está na ponta: os agricultores.

Ao mesmo tempo em que aposta na formação, o setor reconhece os gargalos: escassez de sementes e mudas nativas, custo elevado para implantar cacau em áreas alteradas e a dificuldade crescente de contratar mão de obra para o campo.

Compartilhar