Durante a programação técnica da Secretaria de Estado de Agricultura (Seagri) na Expoacre 2025, ocorrida na segunda-feira, 28, no qual debateu a cadeia produtiva do cacau nativo e de cultivo, uma fala ressoou com força entre produtores e especialistas reunidos no auditório do Parque de Exposições Wildy Viana. Foi a de Sirlande Cabral Manchineri, representante da Aldeia Extrema, Terra Indígena Mamoadate, no município de Assis Brasil.
“Em pouco tempo, já temos cultivado bons resultados. Em apenas seis meses trabalhando com o cacau nativo, já apuramos mais de 50 quilos. Esse apoio é fundamental para a nossa autonomia e valorização da nossa terra, com os nossos jovens se voltando para trabalhar com o fruto e evitando que saiam da aldeia”, relatou Sirlande.
O depoimento evidencia como o cacau nativo tem se tornado um instrumento de permanência no território, geração de renda e valorização cultural entre povos indígenas do Acre. A produção é realizada com base em sistemas agroflorestais, respeitando o modo de vida tradicional e fortalecendo a economia florestal.
A presença de Sirlande no evento não foi apenas simbólica: ela mostrou, na prática, como o cacau pode integrar desenvolvimento sustentável com identidade e protagonismo indígena. O cultivo envolve jovens da aldeia, gera perspectivas locais e fortalece o vínculo com o território.
A fala dele sintetiza o que se desenha como tendência forte na nova economia da Amazônia: uma produção que respeita o chão de onde nasce, valoriza os saberes originários e mantém viva a floresta e os povos que a protegem.