Em um movimento histórico pela equidade em saúde, os países que integram o BRICS firmaram nesta segunda-feira (7) uma nova parceria internacional voltada à eliminação de doenças diretamente relacionadas à pobreza, à falta de saneamento e à exclusão social. A assinatura do acordo ocorreu durante a Cúpula de Líderes do BRICS, realizada no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro, com presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
“Não há direito à saúde sem saneamento básico, alimentação adequada, moradia digna, educação e renda”, afirmou Lula ao lançar oficialmente a parceria, que tem como inspiração o Programa Brasil Saudável. O presidente destacou que ainda são as condições sociais — como renda, raça e local de nascimento — que definem quem adoece e quem morre. “Doenças como mal de Chagas e cólera continuam matando milhares nos nossos países, mas já teriam sido erradicadas se atingissem o Norte Global”, apontou.
A nova aliança entre os países do bloco, que inclui Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, entre outros, busca eliminar doenças socialmente determinadas até 2030. O esforço é baseado em uma abordagem conjunta que une tecnologia, produção de medicamentos e políticas públicas voltadas às populações mais vulneráveis.
Para o ministro Alexandre Padilha, a parceria representa um avanço concreto. “Retomamos a produção de insulina humana, com entrega prevista ainda nesta semana. Também estamos fabricando medicamentos para tuberculose com apoio de empresas da Índia. Essa união entre países do BRICS fortalece nossa capacidade de resposta às necessidades do povo”, explicou.
A proposta já havia sido endossada pelos ministros da Saúde do BRICS em uma reunião anterior, realizada no último mês, em Brasília. A estratégia inclui a criação de um plano de ação com metas específicas, reuniões ministeriais frequentes e o envolvimento de instituições financeiras como o Banco dos BRICS.
O Brasil ocupa atualmente a presidência rotativa do bloco e definiu a saúde como uma das sete prioridades do ano, ao lado de educação, ecologia, cultura, finanças, segurança e institucionalidade. O país também foi reconhecido, em novembro de 2024, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) por eliminar a filariose linfática como problema de saúde pública — um exemplo de que ações integradas e políticas públicas bem direcionadas podem trazer resultados concretos.
FOTO: FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL