PROTAGONISMO AMBIENTAL
O Brasil conquistou um marco histórico no setor agropecuário: o reconhecimento oficial da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) como país livre de febre aftosa sem vacinação. A certificação, anunciada em Paris, representa um divisor de águas para o agronegócio nacional e abre portas para novos mercados internacionais de alto valor.
Além da conquista sanitária, o Brasil também participou do Fórum Econômico Brasil–França, realizado na capital francesa. A delegação brasileira foi composta por representantes do Itamaraty, da ApexBrasil e da CNI, sob liderança do Ministério da Agricultura, que aproveitou a ocasião para estreitar laços estratégicos com o setor produtivo francês e global.
A febre aftosa é uma das doenças mais temidas na pecuária, por seu alto poder de contágio e impacto nas exportações. Durante décadas, o Brasil vacinou seus rebanhos para manter a doença sob controle. Agora, após avanços significativos na vigilância sanitária e no controle epidemiológico, o país atinge um novo patamar.
“Esse certificado não apenas atesta a qualidade sanitária do nosso rebanho, como também posiciona o Brasil entre os principais players do comércio internacional de carne bovina premium”, declarou o ministro da Agricultura.
A medida deve impulsionar negociações com países como Japão, Coreia do Sul e México, que exigem esse nível de certificação para importação. Além disso, a retirada da vacina reduz os custos de produção e elimina resíduos vacinais na carne.
Futuro da economia verde
Durante o Fórum Econômico Brasil–França, foram debatidos temas centrais para o futuro do país:
– Transição energética: com foco em fontes limpas como solar, eólica e hidrogênio verde;
– Inovação tecnológica: especialmente em agrotecnologia, bioeconomia e digitalização de cadeias produtivas;
– Infraestrutura sustentável: com interesse em ampliar parcerias em logística e transporte, fundamentais para o escoamento de grãos e carnes;
– Novos negócios: com estímulo à criação de joint ventures e internacionalização de empresas brasileiras.
As discussões reforçaram a imagem do Brasil como um país confiável, moderno e aberto ao diálogo com os grandes mercados globais.
Agroambiental, sustentável e inovador: a imagem que o Brasil quer projetar
Ao unir avanço sanitário, presença diplomática e projetos estruturantes, o Brasil busca consolidar seu posicionamento como potência agroambiental e comercial. A estratégia é clara: valorizar a produção responsável, os biomas preservados e a capacidade de gerar inovação em território tropical.
“O mundo precisa de alimentos, energia limpa e equilíbrio ambiental. E poucos países podem oferecer tudo isso como o Brasil pode”, destacou a delegação brasileira em Paris.
A certificação contra a febre aftosa sem vacinação não é um fim, mas o começo de uma nova etapa: uma diplomacia do agro que combina segurança sanitária, competitividade e compromisso com a sustentabilidade.
Acre se consolida como um dos estados protagonistas dessa conquista
Enquanto o Brasil celebra o reconhecimento internacional como país livre de febre aftosa sem vacinação, o Acre se consolida como um dos estados protagonistas dessa conquista. Desde 2020, o estado é oficialmente reconhecido pelo Ministério da Agricultura como zona livre da doença sem necessidade de imunização do rebanho, reforçando sua importância estratégica na pecuária nacional.
A conquista é resultado de uma série de medidas implementadas pelo governo estadual, com destaque para o trabalho técnico do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf), que tem intensificado a vigilância sanitária, investido em capacitação profissional e modernizado a infraestrutura do setor.
Entre os marcos recentes, está a realização, em 2024, do primeiro exercício simulado de emergência zoossanitária da Região Norte, sediado em Rio Branco. O treinamento envolveu mais de 180 profissionais do Brasil, Peru e Bolívia, com foco na resposta a possíveis surtos da doença, consolidando o Acre como referência em controle e prevenção.
“Nosso compromisso é manter o Acre como um território seguro, com rebanho saudável e pronto para acessar os mercados mais exigentes do mundo”, destacou a equipe técnica do Idaf.
Com fronteiras com países que ainda mantêm zonas de vacinação, o status do Acre tem impacto direto na credibilidade internacional do Brasil, especialmente na exportação de carne para mercados de alto valor.
Foto: Ricardo Stuckert/PR