Brasil incomoda no agro global e precisa se blindar contra novas barreiras, diz secretário do MAPA

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

Guilherme Campos afirma que setor é líder mundial em competitividade e transição energética, mas sofre com pressões externas e distorções sobre sustentabilidade

Na abertura do Congresso Brasileiro do Agronegócio, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária, Guilherme Campos, afirmou que o crescimento e a competitividade do agronegócio brasileiro estão “incomodando” o cenário internacional. Representando o ministro Carlos Fávaro, Campos relatou que, em fóruns como o realizado recentemente nos Estados Unidos, as discussões sobre sustentabilidade e responsabilidade social no campo são usadas mais como cobrança do que como compromisso real.

“Nada se falou de sustentabilidade ambiental para fazer, apenas para cobrar. Nada sobre responsabilidade social com o trabalhador do campo. O que estava no centro era preço dos alimentos, inflação e rentabilidade. E ficou claro: o tamanho do Brasil no agro incomoda”, declarou.

Segundo ele, essa percepção exige que o país esteja preparado para enfrentar novas barreiras e disputas comerciais que não necessariamente ocorrerão “dentro da porteira”, mas por meio de regras e exigências externas.

Campos destacou que a sanidade animal e vegetal, mantida por sistemas de defesa eficientes, colocou o Brasil em um “patamar fundamental” no comércio internacional, citando que o país consegue até três safras por ano — um diferencial competitivo que preocupa concorrentes.

O secretário também lembrou que, nos últimos dois anos, o Brasil abriu mais de 400 novos mercados para produtos agrícolas e bateu recordes no Plano Safra. Neste ano, segundo ele, o setor conta com R$ 516 bilhões via MAPA e R$ 78 bilhões pelo MDA para a agricultura familiar.

Recuperação de terras e transição energética

Outro ponto de destaque foi o leilão do programa Brazilian Greenway, que captou US$ 30,2 bilhões de fundos internacionais para recuperação de áreas exauridas, com meta inicial de restaurar até 4 milhões de hectares sem derrubar árvores.

Na transição energética, Campos defendeu que o Brasil é “o maior showroom do mundo”, citando o legado do Proálcool e a liderança na produção de etanol e biodiesel. “O Brasil não precisa provar nada para o mundo sobre transição energética e captura de carbono. Nosso modelo já é referência global”, afirmou.

Por fim, o secretário reforçou que a força do agro brasileiro é fruto da competência de toda a cadeia produtiva e da articulação entre governos e produtores. “O Brasil vai sair dessa situação muito mais forte do que entrou, graças a cada um que está aqui e a todos que produzem, transformam e comercializam alimentos e energia”, concluiu

Compartilhar