Editorial
A fala do governador Gladson Cameli, durante o 1º Encontro de Vereadores do Acre, traz à tona uma verdade incômoda, mas inegável: a BR-364 está prestes a se tornar intransitável — e o abandono da estrada é reflexo direto da negligência política de Brasília com a região Norte.
A estrada é mais que um eixo logístico. É a única conexão terrestre entre o Acre e suas regiões mais isoladas. É por ela que passam alimentos, medicamentos, combustíveis e vidas. Quando Cameli afirma que “a BR-364 pode fechar”, ele não dramatiza: ele constata uma ameaça real, que se arrasta há décadas, e que em 2025 ganha contornos ainda mais graves.
O governador acerta ao convocar o ministro dos Transportes a visitar o estado. O Acre não é periferia do país — é parte do Brasil, com demandas legítimas e urgentes. Ignorar a BR-364 é ignorar meio milhão de brasileiros que dependem dela para viver com dignidade.
Mais do que críticas, o que se espera do governo federal são respostas. A promessa de licitação para julho e ordem de serviço apenas em setembro é, no mínimo, tardia — considerando que o verão amazônico, essencial para obras pesadas, dura poucos meses. Qualquer ação que ignore esse calendário climático é tecnicamente irresponsável.
A politização de obras públicas, denunciada por Cameli, é outro ponto sensível. Quando projetos estruturantes viram moeda eleitoral, quem perde é a população. A BR-364 não pode ser palco de disputas partidárias — ela precisa ser campo de consenso, de prioridade, de ação.
O Correio OnLine reforça: o Acre não pode mais esperar. Não há discurso, caravana ou promessa que substitua a presença real do Estado brasileiro na Amazônia. A recuperação da BR-364 é um teste de compromisso. E quem falhar, estará falhando com o futuro de uma região inteira.
Foto: Tácita Muniz