Dízimos e ofertas são um assunto sempre recorrente e polêmico no meio das rodas cristãs. A maioria das pessoas sequer possui um posicionamento definitivo a respeito disso, hora defendendo um ponto, hora contradizendo o que a pouco tempo defendeu.
Mas não quero falar sobre fundamentos teológicos a respeito das contribuições financeiras, uma vez que já tratei deste assunto aqui mesmo na coluna, embora sem grandes aprofundamentos.
Posto isso, meu desejo é expressar algumas opiniões a respeito da grande ênfase que muitos cristãos têm dado ao assunto “dinheiro” na igreja.
Sinceramente, eu não consigo entender a razão de muitos dedicarem mais tempo a este assunto do que aos objetivos fins de um culto (cito o culto como exemplo), a saber a adoração e a pregação do Evangelho. Alguns chegam a destilar ódio, outros falam como se disso dependesse a salvação da humanidade.
Quando vejo isso acontecer só encontro duas possíveis explicações:
1. Ou não confiamos em Deus para sustentar Sua Obra;
2. Ou no fundo sabemos que a obra que estamos executando não é dEle.
Digo isto por que estou certo de que Deus, de fato, sustenta Sua Obra, sempre (Sl 127:1-2).
Não lembram como Deus supriu as necessidades do povo no deserto (Sl 78:22-28), mesmo este sendo incrédulo e infiel? Ele fez isso porque era Obra Sua levar o povo do Egito à Canaã.
Não lembram também como Deus supriu as necessidades da viúva (I Rs 17:16) que ofereceu tudo o que tinha para Eliseu, e como não faltou azeite em sua botija? Ele fez isso porque era Obra Sua o ministério de Eliseu.
Estes são apenas dois exemplos de centenas que gritam: Deus sempre sustenta Sua Obra!
Mas, tudo bem, se querem continuar enfatizando o dinheiro, porque não usam da mesma intrepidez na hora de enfatizar as contribuições para sustentar missionários, ou para socorrer os irmãos em necessidade? Eu não percebo tanto destaque quando as contribuições se destinam a missões e ações sociais, mesmo quando estas ações são para membros da própria igreja.
Alguém pode me questionar dizendo: Mas você não acabou de falar que é Deus quem sustenta Sua Obra? Então Ele é quem sustentará as missões e seus filhos!
Sim, eu falei. Mas se olharmos com atenção, veremos claramente no Novo Testamento Deus fazendo estas duas coisas por intermédio da Igreja.
Não lembram para o que eram levantadas as contribuições, segundo as epístolas de Paulo? Eram para suprir as necessidades dos missionários enviados por todas aquelas cidades e vilas da época. Deus usou a Igreja para suprir os missionários e os necessitados (II Co 9).
Não lembram também como foram supridas as necessidades dos irmãos pobres, história essa contada por Lucas no livro de Atos? Deus supriu suas necessidades através da Igreja, quando os que tinham muito, repartiam com os que não tinham nada (At 2:45).
Quem tinha DAVA, quem não tinha RECEBIA e não eram amaldiçoados por não darem.
Tudo isso Deus fez e faz quando a Obra é Sua, não precisamos tornar o culto e a igreja num centro de arrecadações. Só o que precisamos é ensinar sobre amor e liberalidade, pois é Deus quem usará cada um para suprir as necessidades de Sua Obra, e se não houver ninguém para contribuir, Deus fará cair do céu, literalmente, como fez no deserto.
Uma coisa é certa, os planos de Deus jamais serão frustrados (Jo 42:2), nem mesmo se todos os cristãos do mundo encerrarem suas contribuições.
Você percebe que Deus é Soberano até mesmo quando o assunto é dinheiro? Isso parece bem óbvio, e é mesmo, mas às vezes parece que esquecemos e fechamos os olhos ou que apenas expressamos nosso desejo materialista, usando as contribuições como subterfúgio para isso.
Estes fatores explicam bastante o porquê de programas de rádio, televisão e igrejas inteiras, dedicarem grande parte de seu tempo de programa/culto para pedir dinheiro. Quem lê entenda.
E você? Como pretende agir? Trabalhando em tempo e fora de tempo para que nossos irmãos conheçam as verdades do Evangelho, ensinando e corrigindo, edificando e encorajando, no amor e na verdade, para que todos compreendam as necessidades das contribuições sem a necessidade de ameaças e maldições, ou preferirá tratar a Obra de Deus apenas como um serviço comum, secular, que se mantém apenas se estiver financeiramente bem abastecida, sendo então necessárias horas de discursos tirânicos?
Ensino ou opressão?