Com pouco mais de um mês de vida, a pequena Aurora Maria Oliveira Mesquita já enfrenta uma batalha pela sobrevivência. Vítima de queimaduras de segundo e terceiro graus após um banho com água quente na maternidade de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, a bebê será submetida a um procedimento cirúrgico nesta quarta-feira (9), no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte (MG), onde está internada desde o fim de junho.
A cirurgia, segundo o pai da criança, Marcos Oliveira, será para limpeza das áreas afetadas. Ele relata que a filha será entubada para não sentir dor durante o procedimento. Apesar de alguns sinais de melhora, especialmente nas pernas, a família ainda vive a angústia da possibilidade de amputação dos dedinhos dos pés, onde as lesões são mais graves.
“Eles vão ver se vai ser preciso amputar algum dedinho, porque os dedos estão mais críticos. Aí, só Deus mesmo, só oração mesmo pra ver se vai ficar tudo bem”, desabafou Marcos.
A confirmação de que os ferimentos foram, de fato, causados por queimaduras – e não por uma doença rara, como se cogitou inicialmente – veio após análises da equipe médica em Belo Horizonte. A bebê foi transferida para a capital mineira no dia 25 de junho, onde passou a receber cuidados intensivos. No fim do mês, durante tentativa de retirada da sedação, Aurora sofreu uma parada cardiorrespiratória e precisou ser reanimada pela equipe médica.
A versão da família, de que a água do banho estava quente demais, sempre foi a principal suspeita dos pais. Eles chegaram a relatar que colocaram a mão da diretora da maternidade e da pediatra na mesma água usada no banho da criança.
“Fui chamado de leigo. Mas ninguém queria ouvir. Só quem acreditou na gente foi a nossa família mesmo. Todo mundo duvidou. E estavam querendo colocar uma doença na minha filha que não tem nada a ver”, contou o pai, emocionado.
A técnica de enfermagem que deu o banho foi afastada das funções, e um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) foi aberto pela Secretaria de Saúde do Estado. O secretário Pedro Pascoal afirmou que, diante da confirmação das queimaduras, a servidora, que é contratada pelo Igesac, deve ser demitida ao fim do processo.
Além do PAD, o caso é investigado também pela Polícia Civil, pelo Ministério Público do Acre (MP-AC) e pelo Conselho Regional de Enfermagem (Coren-AC). A maternidade de Cruzeiro do Sul, onde o caso ocorreu, deverá passar por mudanças nos protocolos internos. Segundo a Sesacre, o Núcleo de Segurança do Paciente será implantado na unidade, com reforço na capacitação de equipes e revisão dos procedimentos operacionais.